“The Beligued”, de Sofia Coppola, e “Voyage of Time — Life’s Journey”, de Terrence Malick, não vão entrar no circuito comercial de cinema em Portugal, mas vão ter direito a estreia no festival Porto/Post/Doc, que começa esta segunda-feira, no Porto. A competição internacional abre com “Era Uma Vez Brasília“, uma coprodução luso-brasileira premiada no festival de Locarno com a menção especial.
Será a mais recente realização de Sofia Coppola, “The Beguiled”, remake protagonizado, em 1971, por Clint Eastwood, a abrir a edição de 2017 do Porto/Post/Doc. A cerimónia de abertura está marcada para esta segunda-feira, às 21h30, no Teatro Municipal do Porto – Rivoli.
A longa de Sofia Coppola, cujo elenco conta com Elle Fanning, Kirsten Dunst, Nicole Kidman e Colin Farrell, integra a secção “Highlights”. Nela apresentam-se “filmes novos, de autores essenciais do cinema contemporâneo ou com temas fundamentais do nosso mundo”, escreve a organização. Como “120 Battements par Minute“, sobre a luta contra a sida em França enos anos 90, que levou em Cannes o Grande Prémio do Júri.
Terrence Malick e John Carroll Lynch, por exemplo, também lá estão. De Malick vai poder ver-se “Voyage of Time — Life’s Journey” (28 de novembro, 21h30, Rivoli), documentário contemplativo que procura fazer o diagnóstico do nosso planeta e perceber se a Humanidade tem futuro. A narração é de Cate Blanchett.
“Lucky” (3 de dezembro, 21h30, Rivoli), é a primeira incursão do ator John Carroll Lynch pela realização. Ao longo de hora e meia, segue a viagem espiritual de um ateu de 90 anos e obriga a refletir sobre a mortalidade, a solidão, a espiritualidade e a conexão humana.
Para além do Rivoli, a quarta edição do festival vai passar também pelo Cinema Passos Manuel, a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e o Maus Hábitos. Este ano, o foco vai para o cineasta checo Miroslav Janek. Dele serão exibidos os filmes “The Unseen”, sobre um grupo de crianças cegas, a quem o realizador dá máquinas fotográficas, e “Hamsa, I Am”, outro estudo sobre estudantes cegos e a sua relação com a música.
Mas talvez a vertente mais importante do Porto/Post/Doc seja a competição internacional, que este ano conta com 12 filmes. A seleção deve “debater o estado do mundo e desafiar as fronteiras do cinema contemporâneo”, explica a organização, sobre os seus critérios.
O primeiro momento da competição será “Era Uma Vez Brasília” de Adirley Queirós (29 de novembro às 18h30, no Rivoli), uma coprodução luso-brasileira (através da Terratreme Filmes), premiada no festival de Locarno com a menção especial. “City of Ghosts”, de Matthew Heineman (27 de novembro às 18h e 29 de novembro à 21h, ambas as exibições no Rivoli), traz Raqqa, a cidade síria ocupada pelo autodenominado Estado Islâmico, para junto do público.
Nunca falta música no Porto/Post/Doc. Em parceria com a promotora Lovers & Lollypops, na quarta-feira atuam os Sundays & Cybele, uma banda japonesa de rock psicadélico (quarta-feira, às 23h, no Maus Hábitos). Em estreia nacional aparecem os Tomaga, chegados do Reino Unido com vontade de fazer jams e muito barulho anárquico em palco (sexta-feira, 23h, Rivoli).
Destaque também para a performance “Yoshtoyoshto”, projeto criado pelo músico Franz Treichler, dos The Young Gods, o cineasta Peter Mettler e o antropólogo Jeremy Narby. E, claro, as festas do festival, que encerram cada dia com um DJ diferente, no Passos Manuel.
Num registo mais calmo, a secção “Arquivo e pós-memória” associa o Porto/Post/Doc ao projeto de investigação europeu “Memoirs: Filhos de Império e Pós-memórias Europeias”, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Ao longo da semana falar-se-á sobre o impacto nas gerações seguintes dos momentos da fratura entre os países europeus de vocação imperial ultramarina e as suas colónias, através de um programa de filmes e do Fórum do Real.
O Porto/Post/Doc prolonga-se até domingo, 3 de dezembro. Cada bilhete de cinema custa 5€, ou 3,50€ para estudantes, maiores de 65 e portadores do cartão Tripass. A entrada nos concertos também custa 5€.