O governo do Reino Unido chegou finalmente a um acordo com a União Europeia sobre uma das questões mais controversas nas negociações do Brexit, a fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda após a saída do país da UE.

O eurodeputado Philipe Lambert, que já leu o rascunho do acordo, disse à emissora britânica Sky News que este acordo cria “uma situação especial para a Irlanda do Norte”, que evitará a criação de uma fronteira externa europeia na fronteira entre as duas Irlandas.

De acordo com o eurodeputado, o acordo poderá ser algo semelhante a manter a Irlanda do Norte na união aduaneira. “É a única forma. É pelo melhor interesse” dos cidadãos da Irlanda do Norte, defendeu.

Brexit: Irlanda exige garantias de fronteira aberta para avanços nas negociações

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Defendendo que esta é uma situação de quem ninguém vai sair vencedor, Philipe Lambert destacou que “não há nada melhor” do que ser membro de pleno direito da UE, pelo que “a futura relação” entre o Reino Unido e os 27 — em especial com a Irlanda — será negociada no futuro.

Quando o Reino Unido sair da União Europeia, a Irlanda do Norte, território britânico, deixa de pertencer à UE e torna-se a única parte do Reino Unido a fazer fronteira com um Estado membro da União, a República da Irlanda.A gestão dessa fronteira é uma das questões mais sensíveis e Londres tem assegurado a Dublin a importância de evitar uma fronteira rígida (“hard border”), como as outras fronteiras externas da UE.

O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, tem insistido na necessidade de o Reino Unido garantir que não existirá nenhuma fronteira física entre as duas Irlandas depois do Brexit, ameaçando que sem essa garantia por escrito não aprovaria o avanço das negociações para a chamada “fase dois”.

Ainda esta segunda-feira, Varadkar deverá pronunciar-se publicamente sobre a posição da Irlanda face ao acordo alcançado em Bruxelas.

A fronteira é uma das três grandes questões que estão a ser negociadas na primeira fase, juntamente com os direitos dos cidadãos europeus a residir no Reino Unido e dos britânicos a residir noutros Estados membros e as obrigações financeiras do Reino Unido para com Bruxelas.

O acordo estará em cima da mesa esta segunda-feira em Bruxelas: a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, deslocou-se à capital belga para um almoço de trabalho com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que decorre neste momento.