A Ordem dos Médicos vai fazer uma auditoria ao serviço no Departamento de Tórax do Centro Hospitalar de Lisboa Norte — o maior do país, que integra os hospitais lisboetas de Santa Maria e de Pulido Valente — para esclarecer situações de médicos internos a fazer urgências sozinhos, sem supervisão de especialistas, o que é considerado uma “falha grave”.

Segundo o jornal Público, que avança a notícia este sábado, a investigação surge depois de os médicos daquele serviço terem escrito um conjunto de cartas à administração do centro hospitalar a declinar responsabilidades por qualquer acidente que aconteça durante o trabalho, devido a falta de recursos — humanos e materiais — para efetuar o serviço em segurança.

Numa dessas cartas, era feita essa queixa: há médicos internos — os médicos mais jovens que estão a fazer a especialidade — a assegurar o atendimento nas urgências sozinhos, sem a supervisão necessária de um médico especialista. “Esta situação é grave. Ou é alterada ou o serviço arrisca-se a perder a idoneidade [para formar os internos]”, disse Miguel Guimarães ao Público.

Nas cartas, citadas pelo mesmo jornal, lê-se que os médicos declinam qualquer responsabilidade que decorra do trabalho em “circunstâncias em que não estejam reunidas as condições de segurança e qualidade à prática de atos médicos”, socorrendo-se para isso do artigo 271 da Constituição.

Já a administração do centro hospitalar diz não compreender as queixas uma vez que não há pedidos concretos relativos a meios humanos ou materiais e que as cartas “não objetificam o que estará em falta”. A administração diz-se também “tranquila” relativamente à auditoria que a Ordem dos Médicos vai levar a cabo.

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