O filme “Raposa”, que recebeu esta segunda-feira duas menções especiais no Festival Internacional de Cinema de Marselha, estreia em Portugal “em outubro”, disse à Lusa a realizadora, Leonor Noivo, para quem foi “uma honra” ser premiada.

“Para mim é uma honra, [receber] um reconhecimento num festival como este, que respeito muito, (…) tenho uma grande admiração”, explicou Leonor Noivo à Lusa, após a cerimónia que premiou “Raposa” na 30.ª edição do certame francês.

Segundo a organização, o único filme português na principal categoria recebeu menções especiais no Prémio Georges de Beauregard, que distingue produções documentais que testemunhem o seu próprio tempo, e no Prémio Marseille Esperance, para novos valores, enquanto o Grande Prémio do festival foi para o chileno Ignacio Agüero, por “Nunca Subi El Provincia”.

Depois da primeira apresentação mundial em Marselha, França, “o filme vai estrear em outubro em Portugal” e, entretanto, vai continuar no circuito de festivais, após uma receção “muito acolhedora” da média-metragem que cruza documentário e ficção.

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“Raposa” aborda um dos aspetos das doenças psiquiátricas comportamentais e foi rodado ao longo de mais de dois anos, com a colaboração estreita da atriz Patrícia Guerreiro, que assina o argumento com Leonor Noivo e uma “equipa pequena” cuja cinematografia ficou a cargo de Vasco Saltão.

“Isto foi um processo e um filme que demorou algum tempo, e o resultado é também o processo em si. Íamos trocando cartas com a Patrícia e íamos construindo o filme”, acrescentou a realizadora.

Este “olhar pessoal” sobre uma temática para a qual quer mais atenção, “através do interior, da forma mais honesta possível e longe do preconceito de outros trabalhos”, fez de Patrícia “uma grande companheira” da produção.

“Astuta e esbelta, perseguida e em fuga, ‘Raposa’ é a metáfora de uma obsessão sem fim – em cada respiração, cada gesto, cada pensamento. Marta procura no vazio de seu corpo uma maneira de chegar à sua essência interior, numa busca abstrata de um espírito livre que possa terminar na sua própria libertação”, pode ler-se na sinopse.

Leonor Noivo, que estudou Arquitetura e Fotografia antes de ingressar na Escola Superior de Teatro e Cinema, é uma das criadoras da Terratreme Filmes, que assumiu a produção e distribuição da obra, com uma duração total de 40 minutos.

A produtora foi criada em 2008 por João Matos, Luísa Homem, Pedro Pinho, Susana Nobre e Tiago Hespanha, além de Leonor Noivo.

Desde essa altura, a par da realização, tem desenvolvido trabalho como produtora na coordenação e acompanhamento de projetos de ficção e de documentário.

O seu primeiro filme documental, “Macau Aparte”, data de 2001. Em 2005 estreou-se na ficção com “Salitre”.

“Tudo o que imagino”, o seu filme mais recente, de 2017, acompanha um grupo de amigos no bairro de Alcoitão (Cascais), no fim da adolescência.