Olivier De Schutter, o relator especial das Nações Unidas para a comida, discursou na inauguração da Convenção Mundial para Proteger e Promover Dietas Saudáveis da organização Consumers International, na qual revelou que uma dieta pouco saudável é mais prejudicial à saúde do que fumar. “Dietas não saudáveis são agora uma maior ameaça global do que o tabaco. (…) Da mesma maneira que o mundo se uniu para determinar os riscos do fumo, devemos chegar a um acordo sobre dietas adequadas”, afirmou.
Em dezembro de 2011, Schutter já havia apresentado um relatório sobre nutrição, no qual lançou algumas propostas para consciencializar as pessoas e melhorar os seus hábitos de alimentação. Entre outras, as propostas visavam aumentar os impostos aos produtos menos saudáveis, regulamentar os alimentos com alto índice de gorduras saturadas, açúcar e sal e limitar a publicidade de certos tipos de comida, como fast food. “Passaram dois anos desde o meu relatório sobre nutrição e o direito à comida e dez anos desde que a World Health Organization lançou a sua estratégia global para a dieta e saúde. Ainda assim, a obesidade continua a avançar, assim como os diabetes, as doenças cardíacas e outros problemas de saúde associados. Os sinais de alerta não estão a ser ouvidos”, lamentou.
“Os governos colocaram o foco em aumentar a quantidade de calorias disponíveis, mas com muita frequência foram indiferentes a respeito de que tipo de calorias oferecem, a que preço, para quem são acessíveis e como se comercializam”, explicou.
Os últimos dados da Organização Mundial de Saúde indicam que a obesidade é responsável por 3,4 milhões de mortes por ano e que há aproximadamente 1400 milhões de pessoas com excesso de peso.
Segundo um artigo publicado no Público em outubro de 2013, o relatório “Portugal: Alimentação Saudável em Números 2013” (ver aqui o programa Sociedade Civil da RTP sobre o tema) concluiu que a obesidade atinge um milhão de portugueses e que três milhões e meio são pré-obesos. Os números mantêm-se perigosamente altos no que toca aos mais novos: cerca de 15% das crianças entre os seis e os nove anos são obesas e mais de 35% sofrem de excesso de peso.