A West Sea (pertencente à Martifer) empregou até ao momento 60 ex-trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC). O número foi avançado ao Observador por fonte oficial do grupo que detém agora os estaleiros que pertenciam à holding das indústrias de defesa do Estado português.
A intenção da Martifer é criar 400 postos de trabalho num prazo até três anos. A empresa tomou posse dos ENVC no dia 2 de Maio e ainda não tem encomendas em carteira. Prevê, no entanto, que as primeiras construções em Viana possam ser as de quatro navios de cruzeiro fluvial, a pedido de uma empresa alemã, cujo inermediário é a Douro Azul.
A ficar com esta encomenda, a Martifer quer construir os navios em Viana do Castelo por estes estaleiros terem capacidade para navios maiores do que os de Aveiro (NavalRia), também detidos pela Martifer e que já construiram cinco navios cruzeiro para a Douro Azul. O negócio, no valor de 100 mlhões, estava dependente do financiamento bancário.
“É natural que as contratações se possam acentuar à medida que vá havendo encomendas”, afirmou ao Observador fonte oficial da Martifer.
Dos 609 trabalhadores que tinham os ENVC, 230 aceitaram ir para a reforma, segundo dados do Ministério da Defesa. No processo de subconcessão, a empresa dispôs ainda de 30 milhões para pagar indemnizações a trabalhadores que não puderam aceder à reforma.
Esta terça-feira prosseguem no Parlamento os trabalhos da comissão de inquérito à subconcessão dos ENVC, que estiveram interrompidos durante a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, com a audição de um ex-técnico dos ENVC, António Martins Iglésias, que trabalhou 22 anos na empresa, e quarta-feira é a vez do presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa.
O caso da subconcessão, decidida pelo atual Governo no final do ano passado, foi alvo da constituição de uma comissão parlamentar de inquérito porque o PCP e o PS entenderam que não estavam claras “as circunstâncias e as responsabilidades que levaram à decisão de extinção” dos estaleiros e da subconcessão “das suas instalações a uma empresa privada”. Em análise, estão também as “circunstâncias que levaram ao protelamento, cancelamento ou perda de encomendas e as respetivas consequências no agravamento da situação da empresa”.