O administrador da Martifer disse esta quarta-feira que 2020 é o “melhor ano de sempre” desde 2014, quando assumiu a subconcessão dos estaleiros navais de Viana do Castelo, apontando uma faturação de 100 milhões de euros.

“Este ano vai ser o melhor ano de sempre dos estaleiros, quer na construção, quer na reparação naval. Vamos ficar com um valor de vendas na casa dos 100 milhões de euros”, afirmou esta quarta-feira Carlos Martins.

O responsável, que falava aos jornalistas à margem de uma visita do ministro do Mar à empresa, disse que a carteira de encomendas é “muito sólida”, tanto na construção como na reparação naval e que, este ano, trabalham, em média, nos estaleiros, por dia, mais de 1.200 trabalhadores.

Na reparação, a carteira está plena até meados de 2021. É um desafio que nos vem sendo colocado todos os dias e que estamos a responder de forma positiva. Relativamente à carteira de encomendas, estamos a construir quatro navios polares, em simultâneo, especificou.

Acrescentou que, na construção naval, o empresário Mário Ferreira é, nesta altura, o único cliente.

O administrador da Martifer, que detém a West Sea, subsconcessionária dos estaleiros de Viana do Castelo, apontou o primeiro trimestre de 2021 para o início da construção de uma nova doca, num investimento de 15 milhões de euros, que quando estiver concluída, no segundo trimestre de 2022, permitirá criar mais 120 postos de trabalho diretos. Em causa está a empreitada de aprofundamento do anteporto e do canal de acesso aos estaleiros navais e ao cais do Bugio, lançada em junho. Com 220 metros de comprimento e 45 metros de largura, o aprofundamento do canal de acesso aos estaleiros, que acontecerá, em simultâneo com as obras a realizar pela Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), no porto de mar, vai permitir construir “navios com mais qualidade e tecnologicamente mais evoluídos”.

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Questionado sobre a possibilidade de os estaleiros de Viana do Castelo construírem os seis novos Navio Patrulha Oceânico (NPO), previstos na Lei de Programação Militar, Carlos Martins disse que a empresa está “ansiosa” por esse projeto. “Esperamos que o Governo lance o programa de construção de mais seis navios patrulha. Estamos ansiosos e queremos esse projeto para Viana do Castelo. Achamos que, em 2021, podemos vir a ter encomendas e que se irão desenvolver ao longo de meia dúzia de anos”, referiu.

Em abril de 2019, durante uma visita aos estaleiros de Viana do Castelo, o primeiro-ministro disse que, “se tudo correr bem”, o Governo encomendará “mais seis novos NPO e outros navios previstos na Lei de Programação Militar”, recordando que, nos estaleiros de Viana do Castelo, outros quatro NPO já foram construídos para a Marinha portuguesa, dois dos quais pela WestSea.

Esta quarta-feira, aos jornalistas, Carlos Martins, admitiu que o mercado “está mais comprimido”, devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, mas garantiu que o “currículo” da empresa “permite-lhe apresentar outras soluções e testar outros clientes”.

Os estaleiros atravessaram a pandemia de Covid-19 com mais trabalho e com mais trabalhadores do que no passado. Estamos atentos ao que o mercado nos tem para trazer. Uma parte da nossa carteira de encomendas depende muito do setor do turismo, que está a sofrer. Mas estamos a adaptar-nos para que este caminho continue dentro das exigências que o mercado nos coloca, também a pensar na agenda da descarbonização e da sustentabilidade, adiantou.

Carlos Martins destacou que a empresa passou a fase mais crítica da pandemia de Covid-19, nos meses de abril e maio, com “distinção”.

“Reagimos bem à pandemia. Rapidamente começamos a trabalhar por turnos, muito atentos ao que ia acontecendo”, assegurando não ter ocorrido num “foco” da doença, apenas “um ou outro caso isolado”.