Imaginar uma bola de futebol traz à ideia a bola clássica de hexágonos brancos e pentágonos pretos. Uma imagem equivalente ao primeiro modelo que a Adidas criou para um Mundial de Futebol – a Telstar, com 32 painéis, no Mundial de 1970 no México. Para a competição de 2014, a empresa criou a Brazuca, que se espera ter melhor desempenho que a Jabulani – a bola do Mundial de 2010 na África do Sul.
Jabulani era uma bola imprevisível, não mantinha a trajetória dificultando o trabalho aos jogadores. Para evitar uma situação semelhante, a Brazuca foi a bola, criada pela Adidas, mais testada de sempre – 600 jogadores de topo, 30 equipas e dez países -, durante dois anos e meio, indica o The Hamilton Spectator. E as opiniões têm sido positivas, segundo o diretor de negócios da Adidas para o equipamento de futebol, Matthias Mecking.
Para confirmar o desempenho da nova bola em relação à Jabulani, a BBC contactou alguns especialistas. A chave parece ser a rugosidade, pequenas espinhas na superfície da Brazuca, aumentam a tração entre a bola e a chuteira no momento do remate. As suturas mais fundas e mais longas da nova bola, em comparação com a Jabulani, também aumentam o efeito da rugosidade e fazem com que os passes possam ser mais longos com uma trajetória constante.
Uma bola demasiado lisa, como a bola do Mundial de 2010, enfrenta mais oposição do ar, faz percursos aéreos mais curtos e gira mais sobre si própria, dificultando o trabalho de quem passa e de quem recebe a bola.
Uma equipa de investigadores do Instituto de Ciências da Saúde e do Desporto, da Universidade de Tsukuba (no Japão), aficionados por futebol, decidiram levar a comparação mais longe e compararam cinco bolas:
- bola convencional (Molten) – 32 painéis
- Cafusa – Taça das Confederações FIFA 2013 no Brasil – 32 painéis
- Teamgeist 2 – Campeonato Europeu de Futebol 2008 na Áustria e Suíça – 14 painéis
- Jabulani – Mundial de Futebol 2010 na África do Sul – 8 painéis
- Brazuca – Mundial de Futebol 2014 no Brasil – 6 painéis
Os testes realizados num túnel de vento mostraram que a Brazuca tinha o melhor desempenho na estabilidade, enquanto a Jabulani e Cafusa tinha comportamentos diferentes consoante a parte da bola que fosse exposta ao vento, revela o Los Angeles Times.
Quando chutadas por um robô para uma baliza, independentemente do local onde eram chutadas, a Brazuca e a bola convencional, com painéis hexagonais e pentagonais, mostraram as trajetórias mais constantes. Já a trajetória das restantes bolas variava consoante a zona da bola onde eram atingidas.
O número de painéis nas bolas de futebol dos mundiais tem vindo a reduzir-se gradualmente, como mostra o Daily Mail. O décimo segundo modelo criado pela Adidas para um Mundial de Futebol de 2014 tem o menor número de sempre – apenas seis painéis de poliuretano com o formato de um X estilizado.
Os painéis são colados à câmara de ar e unidos com um selante, refere o jornal Emirates 24/7. Depois de aquecida e comprimida, a bola é torneada para ficar com um formato esférico perfeito e as medidas certas – 437 gramas e 69 centímetros de diâmetro. Antes de ser declarada pronta, a bola é sujeita a uma série de testes de qualidade.