O ex-chefe do Exército egípcio Abdel Fattah al-Sissi, eleito Presidente do país com 96,9% dos votos um ano depois de ter destituído e detido o antecessor, o islamita Mohammed Morsi, tomou posse este domingo.
Foi “uma transição de poder democrática e pacífica”, disse Sissi na cerimónia de tomada de posse no Supremo Tribunal Constitucional, no Cairo, onde as forças de segurança estiveram posicionadas em vários locais estratégicos, segundo a BBC.
A cerimónia e a receção no palácio presidencial contaram com a presença “de reis e chefes de Estado”, revela a agência noticiosa oficial egípcia Mena. A delegação dos Estados Unidos na cerimónia é liderada por Thomas Shannon, um conselheiro do secretário de Estado John Kerry. “Há muito trabalho a fazer. O Egito deve manter a transição para uma democracia estável, aberta e dirigida por civis. Vamos continuar a acompanhar a situação e ver como o novo governo se comporta”, declarou a porta-voz do departamento de Estado, Marie Harf.
O marechal na reforma Al-Sissi ganhou as presidenciais, realizadas em 26, 27 e 28 de maio, com 96,9% dos votos expressos, mas apenas 47,5% dos eleitores inscritos votou e o poder que dirige “de facto” desde o golpe de Estado contra Morsi, a 3 de junho de 2013, eliminou toda a oposição, islamita, liberal ou laica.
Depois de ter derrubado Morsi, primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, Al-Sissi – então chefe do Exército – criou um governo interino, que instalou uma implacável e sangrenta repressão dos apoiantes de Morsi, em particular da confraria islamita Irmandade Muçulmana, que venceu todas as eleições desde a queda de Hosni Mubarak, no início de 2011.
Em algumas semanas, mais de 1.400 manifestantes pró-Morsi foram mortos pelas balas de soldados e polícias, e mais de 15 mil membros da Irmandade Muçulmana foram detidos. A confraria, proibida e decretada “organização terrorista”, apelou ao boicote das presidenciais.
Quem é Abdul Fattah Al-Sissi?
Nasceu no Cairo em 1954 e teve uma longa carreira militar. Especializou-se em inteligência militar e foi nomeado chefe do Exército pelo próprio Mosy. Foi a figura chave durante o governo interino pós Morsi. De acordo com a BBC, espera-se multidões na praça Tahir para celebrar a vitória.
O “senhor Sissi”, como a BBC lhe chama, herda a partir deste domingo uma nação “dividida e cansada”. Especialistas dizem que tem um ano ou dois para recuperar o país. Leia-se, fixar a economia, prevenir possíveis crises políticas e reduzir a pobreza. Caso contrário, poderá haver uma “revolta”.
Israa Youssef, um estudante, disse à Reuters que “Sissi tem de fazer alguma coisa nos próximos 100 dias, porque está a ser seguido de perto pelas pessoas. Se não fizer nada, pode haver outra revolução. É assim que as pessoas são neste país”.
Mais de um quarto dos egípcios vive no limiar da pobreza. O turismo pode ser um pontapé de saída para a economia do país. Sissi já anunciou que vai construir 26 novos ‘resorts’ turísticos, oito aeroportos e 22 zonas industriais. Prometeu recuperar a segurança num país onde os ataques os militantes islamitas já mataram vários elementos das forças de segurança no último ano.