Homens armados ligados à Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, mataram neste domingo quatro militares do Exército e feriram outros 13 numa emboscada no centro de país, disse à Lusa fonte do Hospital Distrital de Gorongosa. Segundo um morador contactado telefonicamente pela Lusa, “o Exército entrou a disparar durante a manhã e, no seu regresso, já no princípio da noite, foi emboscado no rio Mucodza, a 12 quilómetros da vila de Gorongosa”, província de Sofala.

Adamo Manuel descreveu também que os militares seguiam em duas camionetas escoltadas por um blindado, quando foram emboscados na “ponteca Mucodza”, tendo uma das viaturas caído ao leito do rio. António Muchanga, porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), confirmou à Lusa a emboscada e que houve baixas do Exército, acrescentando que o socorro dos feridos “decorreu no escuro desde o princípio da noite”.

Muchanga afirmou também que um contingente militar do quartel de Dondo (Sofala) deverá reforçar com armas pesadas, B10 e B11 (antiaéreas) o Exército na região, para um novo ataque à serra da Gorongosa, onde se supõe esteja refugiado o líder da Renamo, Afonso Dlhakama.

A serra da Gorongosa voltou a ser alvo de intensos ataques do exército há duas semanas, alguns dias antes de a Renamo suspender o cessar-fogo unilateral que havia decretado, em retaliação contra o reforço e ataques das Forças de Defesa e Segurança.

Na sexta-feira, avançaram à Lusa fontes policiais, homens armados da Renamo incendiaram uma viatura e destruíram uma báscula na zona de Mussacama, cem quilómetros a norte de Moatize (Tete, centro), junto à estrada EN 304, que liga ao vizinho Malauí, momentos antes de passar a comitiva do Presidente da República, Armando Guebuza, em visita à província.

A Renamo ameaçou na semana passada alargar a área de ação do seu braço militar para outras regiões do país, em resposta aos bombardeamentos do Exército à serra da Gorongosa. O porta-voz do partido disse que tomou conhecimento do ataque em Tete, mas não fez mais comentários. Moçambique vive o pior momento de tensão político-militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1992, que pôs fim à guerra civil de 16 anos, entre o Governo e a Renamo.

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