O responsável pelo projeto, João Vieira, afirmou à agência Lusa que a Gruta dos Cogumelos pretende, “de forma didática e lúdica, ensinar um pouco às pessoas” sobre os cogumelos, em “particular aos jovens”. “Assenta numa sala onde existem os painéis didáticos e temos, também, uma área onde surgem frutificações de cogumelos de várias espécies”, adiantou João Vieira, de 46 anos, que o desemprego, há dois anos, lançou em projetos de produção de cogumelos.
Na Gruta dos Cogumelos, o visitante pode conhecer, através de imagens, várias espécies de cogumelos, assim como a sua composição e a forma de crescimento. No espaço, estão também disponíveis troncos de carvalho e eucalipto que estão inoculados com diferentes cogumelos, sendo igualmente visíveis sete espécies em frutificação em substratos constituídos por palha, entre comestíveis e usados para efeitos medicinais e cosméticos.
Segundo João Vieira, o objetivo é multiplicar o número de cogumelos para que o visitante “aprenda a identificar algumas espécies ou a conhecer melhor”. “No fundo, é aproveitar os visitantes — em grande percentagem alunos que vão conhecer a geologia e geografia das grutas – para que possam aprender um pouco também sobre a micologia”, adiantou o responsável.
Considerando que a população portuguesa “tem poucos hábitos de consumo de cogumelos”, situação que atribui ao receio, embora haja zonas no país onde o consumo tem mais tradição, João Vieira referiu que gostaria de ver esta situação alterada, “com as devidas precauções”, mas “sem mitos”.
O presidente do conselho de administração das Grutas de Mira de Aire, Carlos Alberto, explicou que a Gruta dos Cogumelos nasceu numa galeria desativada, cuja extensão não excede os 50 metros. “Mas tem hipótese de, desobstruindo uma parte dessa galeria, poder ir-se mais além”, declarou, referindo que o centro tem como público-alvo as escolas ou pessoas com interesse na micologia.
A Gruta dos Cogumelos sucede a um outro projeto, no mesmo complexo de produção destes fungos, encetado há um ano, onde agora se ensaiam novas espécies. “Tem uma área relativamente limitada. Estamos a produzir pouco, cerca de meio quilo diário, que dá apenas, de momento, para o restaurante”, afirmou João Vieira, adiantando que as experiências em curso visam apurar qual a espécie que pode trazer mais-valias ao nível do sabor, quantidade e utilização de menor espaço.
Segundo João Vieira, as grutas oferecem grande potencial para a produção destes fungos: “Os cogumelos gostam de locais sombrios, de temperatura estável e amena, e alto índice de humidade, que é precisamente o que temos aqui. (…) E, depois, temos esta situação que é estanque em relação aos predadores naturais dos cogumelos, que são essencialmente insetos”, acrescentou.