A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a União Internacional de Telecomunicações lançaram esta sexta-feira um serviço de envio de mensagens curtas de textos (SMS) para as pessoas que sofrem de diabetes, para lhes lembrar que devem tomar a medicação durante o mês de Ramadão.

O projeto denomina-se “MDiabetes” e foi criado como forma de ajudar, especialmente aos praticantes da religião islâmica, de países falantes do francês, a tomarem os remédios durante o período em que praticam o jejum.

Em comunicado conjunto, a que a Lusa teve acesso, as duas agências das Nações Unidas consideram que o período de Ramadão, que este ano se inicia no dia 1 de julho e termina a 29 do mesmo mês, “pode ser particularmente difícil para as pessoas com diabetes”.

Nessa altura, a quase totalidade dos praticantes da religião islâmica abdicam da alimentação num determinado espaço do dia, uma forma de se renovar a fé, praticar de forma mais intensa a caridade, e viver-se profundamente a fraternidade e os valores da vida familiar.

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O projeto “MDiabetes”, cujo lema é “Be He@lthy Be Mobile”, foi primeiramente testado no Senegal, onde membros da associação senegalesa de diabéticos, os próprios pacientes, profissionais de saúde e o público em geral estão a ser incentivados a se inscrever para receber estas mensagens de texto livre.

Citado na nota, o secretário nacional da Associação de Apoio Diabético senegalês, Baye Oumar Guèye, que também padece da doença, afirmou que “o Ramadão é um período de alto consumo de açúcar”, pelo que o “MDiabetes é uma iniciativa essencial e bem-vinda, pois permite que as pessoas com diabetes possam observar o mês sagrado do Ramadão, evitando, no entanto, o risco de complicações”.

No Senegal, 83% da população tem um telefone móvel e 40% destes são smartphones, com capacidade para receber imagens e vídeos.

Apesar de a aplicação ser destinada aos que padecem de diabetes, a quem se pretende “aumentar a conscientização e ajudar as pessoas com diabetes para evitar complicações desencadeadas enquanto praticam o jejum”, a OMS e a União Internacional de Telecomunicações usam este recurso para outros fins.

Através destes dispositivos, as agências procuram apoiar países a criar projetos usando tecnologia para telemóvel, em particular mensagens de texto, para controlar, prevenir e gerir as doenças não transmissíveis, como o cancro e doenças cardíacas.

Dados da OMS indicam que, pelo menos, 347 milhões de pessoas no mundo têm diabetes, 90% das quais diabetes tipo 2, que é em grande parte causada pelo excesso de peso e sedentarismo.

A OMS estima que, no Senegal perto de 400 mil pessoas estão a viver com a doença, mas apenas 60 mil foram diagnosticadas e estão a seguir o tratamento no sistema de saúde.

“Todos os anos, durante o Ramadão, as autoridades de saúde no Senegal testemunham um pico na hospitalização de pessoas com diabetes não controladas”, até porque “muitas pessoas não sabem que têm diabetes”, considera a OMS.

Aliás, parte dos portadores da doença “não tem conhecimento das causas e dos sintomas de diabetes, e, muitas vezes, têm acesso limitado aos serviços de saúde, particularmente (os que vivem) nas áreas rurais”, acrescenta.

A falta de acesso ao diagnóstico e tratamento de diabetes pode ter consequências graves, nomeadamente doenças cardíacas, derrame, cegueira, insuficiência renal e lesões graves nos pés que podem exigir amputação, refere a organização.