Muitas mulheres com mais de 33 anos e que ainda não foram mães respiraram esta quinta-feira de alívio. Já têm uma desculpa para dar sempre que algum familiar ou amigo vem com a conversa: “Já estava na altura de teres um filho, não?”. Segundo o artigo divulgado ontem pela Lusa, as mulheres que fossem mães depois dos 33 anos tinham o dobro da probabilidade de chegar aos 95 anos.
Mas é preciso perceber o que esta afirmação quer dizer, porque há mulheres que podem ter filhos antes dos 30 ou não ter filho nenhum e ter a mesma probabilidade de chegar aos 95 anos. Na verdade não é a mulher que decide, nem tão pouco o facto de ter filhos tardiamente, ainda que de forma natural. Quem manda são os genes, tal como a equipa do Boston University School of Medicine referiu.
“Houve um estudo em 2001, feito com mulheres chinesas, que dava resultados muito semelhantes”, disse ao Observador Manuel Carrajeta, presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia. “Há um gene que faz a pessoa envelhecer mais lentamente, logo, viver mais tempo.”
Mas o que tem isso a ver com a gravidez? Envelhecer mais lentamente implica que o corpo envelhece mais devagar, tal como todos os órgãos, incluindo os órgãos reprodutores. Logo, as mulheres que conseguem ter filhos mais tarde, não só depois dos 33 anos, mas depois dos 40 ou dos 50, têm órgãos que envelhecem mais lentamente e, portanto, vivem mais tempo. Assim, conforme explica Manuel Carrajeta, engravidar naturalmente numa fase mais avançada da vida pode ser uma forma de detetar o dito gene.
O médico geriatra acrescenta: “Em Portugal a esperança média de vida das mulheres em 2013 era de 83 anos ao nascimento”. Esperança essa que aumenta se a mulher ultrapassar os 70 anos, porque entretanto já diminuíram as probabilidades de morrer de parto ou num acidente, como a fazer um desporto radical. “Uma mulher com 70 anos tem uma esperança média de mais 21 anos. E 14% das que atingem os 90 anos podem ultrapassar os 100.”