As Nações Unidas estimam que na Europa cerca de 70% das mulheres em idade fértil, casadas ou em união de facto, assumem a responsabilidade contracetiva da relação. Entre os métodos mais comuns está a pílula, popularizada nos anos 60 e uma das chaves da “libertação feminina”, e que deu às mulheres o poder de decidir quando ter ou não filhos.
Além de serem cada vez menores os riscos associados ao uso prolongado da pílula contracetiva, muitas mulheres optam por alternativas mais confortáveis, nomeadamente pelo DIU (dispositivo intrauterino), mas tal como outros implantes doseadores já existentes no mercado, a sua instalação ou desativação exige intervenção médica, e têm de ser substituídos ao fim de três ou quatro anos.
A startup norte-americana MicroCHIPS baseou-se em tecnologia desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (conhecido pela sigla inglesa MIT) para criar um implante que podemos chamar efetivamente “de longa duração”, porque se mantém ativo durante 16 anos (o que corresponde a cerca de metade do tempo do ciclo reprodutivo feminino). Mas este novo método tem um extra: pode ser ligado ou desligado remotamente por tecnologia sem fios, ou seja, sem necessidade de intervenção clínica. Os ensaios já estão em curso, e a empresa prevê lançar o produto no mercado norte-americano em 2018.
Entretanto, além dos estudos clínicos necessários para comprovar a eficácia desta alternativa contracetiva, há ainda questões técnicas por resolver, nomeadamente os sistemas de encriptação de dados que impeçam a intrusão num dispositivo que, em teoria, deverá ser controlado apenas e só pela portadora do implante. Continuará por isso a ser um processo de responsabilidade, mas que dispensa a disciplina. A não ser a de guardar bem o comando.