O coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo acusou hoje o Governo de Passos Coelho de ter “partidarizado” o Banco Espirito Santo (BES), numa referência à possibilidade de o economista Vítor Bento vir a chefiar a administração do banco. “O Governo não nacionalizou o BES, o Governo partidarizou o BE. O BES é hoje um banco verde por fora e laranja por dentro”, afirmou João Semedo, numa iniciativa do BE-Madeira sobre ‘O Estado do país e da região’ que decorreu hoje no Funchal.

O economista Vítor Bento deverá ser o nome escolhido pelos principais acionistas do BES para assumir os destinos da instituição, substituindo o líder histórico, Ricardo Salgado, segundo avançam vários jornais desde sexta-feira. Vítor Bento será uma escolha consensual dos dois maiores acionistas do BES, o Espírito Santo Financial Group (ESFG), que conta com 25% do capital do banco, e o grupo francês Crédit Agricole, que detém uma fatia de 15%.

João Semedo considerou que esta escolha será equivalente a uma troca, dizendo que “o Governo e o Banco de Portugal trocaram, no BES, a família Espirito Santo pela família laranja do PSD”. Lembrando o exemplo do Banco Português de Negócios (BPN), o bloquista considerou que “a nova administração são pessoas da estrita confiança do Governo, do Presidente da República e da família PSD” e, portanto, acaba por ser uma repetição do que acha ser uma fonte de maus resultado, “a confusão entre política a finança e os negócios”. O coordenador do BE reprovou a repetição, “com esta insistência, do mesmo tipo de solução” para a banca, recordando aquilo que foi “a aventura de dirigentes e altos responsáveis do PSD quando administraram o BPN”.

João Semedo referiu-se ainda ao último Conselho de Estado convocado por Cavaco Silva, esperançoso que “não tenha perdido um minuto sequer com as questões relativas com um banco privado”. Nesta ação marcou presença, a convite do BE, o professor e economista Ricardo Cabral que falou sobre a restruturação da dívida portuguesa, ele que foi um dos 70 assinantes do Manifesto para Reestruturar a Dívida Portuguesa.

O economista continua a acreditar que esse deveria ser o caminho seguido pelo país, adiantando que em breve irá apresentar, em Lisboa, no Instituto de Direito Económico Financeiro e Fiscal da Faculdade de Direito de Lisboa, “em detalhe o modelo de como se poderia fazer essa reestruturação”, escusando-se a adiantar grandes pormenores sobre o assunto.

 

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR