Imagine que lhe pedem para ficar 6 a 15 minutos sozinho, apenas com os seus pensamentos. Não pode tocar em nada, não pode fazer nada, não pode falar com ninguém. A única possibilidade que tem é, pura e simplesmente, pensar. O desafio parece fácil de superar. Pode aproveitar para pensar nas compras que tem de fazer, para recordar boas memórias de infância ou para planear as próximas férias. Mas as conclusões do estudo “Just think: The challenges of the disengaged mind”, publicado na revista Science e divulgado esta quinta-feira pelo The Atlantic, mostram que a dificuldade de nos desapegarmos da rotina é maior do que reconhecemos.

Timothy Wilson, professor na Universidade de Virginia e investigador principal, explica que o que descobriram foi surpreendente: “Primeiro pensámos: o ser humano tem este cérebro poderoso, capaz de armazenar uma quantidade infindável de memórias e de criar histórias fantásticas. Certamente que não vai ser muito difícil pedir às pessoas para passarem alguns minutos apenas com os seus pensamentos. Mas estávamos enganados.”

A alguns dos participantes foi dada a possibilidade de cumprirem a tarefa em casa. Destes, 32 por cento admitiram que fizeram batota e mexeram no telemóvel. Nos testes na sala de laboratório disponibilizada para o efeito, um participante foi desclassificado depois de ter aproveitado uns papéis que tinham ficado na sala para fazer esculturas em papel.

Durante o desafio, foi-lhes dada a possibilidade de provocar um choque elétrico a si próprios. Todos puderam experimentar antes o aparelho. Apesar de, antes da prova, dizerem que não voltavam a repetir, perante o desconforto de não fazer nada, um quarto das mulheres e dois terços dos homens cederam e voltaram a experimentar os choques elétricos. Ou seja: “a maioria das pessoas prefere fazer alguma coisa do que não fazer nada, mesmo que seja algo negativo”, pode ler-se no resumo do estudo “Just think: The challenges of the disengaged mind”.

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