Domingo, 7 de julho de 1974. Imaginemos que estamos no Estádio Olímpico de Munique, juntamente com mais 75 mil adeptos, para assistir à final do Campeonato do Mundo. De um lado a Holanda do senhor Rinus Michels, o génio criador do “futebol total”, que permitia aos jogadores fugirem da sua posição cravada no papel. Do outro estavam os germânicos liderados por Helmut Schön, que voltavam assim ao jogo decisivo depois da derrota em 1966, em Inglaterra.
Beckenbauer, o Kaiser, era o capitão desta seleção que sonhava imitar o que havia feito a de 1954, na Suíça, onde jogava o seu ídolo, Walter Fritz, também ele capitão de equipa. A estrela maior que vestia de laranja-vivo era Johan Cruyff, pois claro. A partida até começou a sorrir aos holandeses, depois do penálti de Neeskens logo aos dois minutos, mas Breitner (penálti) e Gerd Müller, o Bombardeiro, acabariam por virar o marcador do avesso. A Alemanha voltava a vencer um Campeonato do Mundo 20 anos depois.
Os germânicos assentavam a sua base em jogadores do Bayern Munique. Na final do Mundial atuaram seis — Sepp Maier, Franz Beckenbauer, Schwarzenbeck, Breitner, Hoeness, Gerd Müller –, que já haviam vencido a Taça dos Campeões Europeus contra o Atlético Madrid (4-0), depois de um jogo de repetição após o empate a uma bola — Kappellmann não jogou a final da Copa mas também venceu ambas as competições. Conclusão: estes foram os primeiros sete jogadores a vencer uma Taça dos Campeões Europeus e um Campeonato do Mundo no mesmo ano. Histórico.
Seria preciso esperar 24 anos para voltar a ver tal coisa acontecer. O nome vai surpreender alguns, pois está imortalizado como o oitavo jogador da história do futebol a consegui-lo. Christian Karembeu, lembra-se? O médio venceu a Liga dos Campeões pelo Real Madrid (1-0 vs. Juventus) e o Mundial organizado pelo seu país em 1998 (França) — 3-0 ao Brasil. Quatro anos depois, Roberto Carlos imitou-o: vitória na Liga dos Campeões pelo Real Madrid contra Leverkusen (2-1; abençoado golo de Zidane) e campeão do mundo contra a Alemanha (2-0). Ao todo, foram nove os homens que conseguiram algo quase digno de um semi-deus.
Em 2014 vamos ter obrigatoriamente o décimo nome dessa lista: Di Maria ou Khedira, um deles vai sentar-se na mesa dos grandes. É que ambos venceram a Liga dos Campeões com o Real Madrid e vão disputar domingo um lugar à sombra ao pé de outras lendas, e isto em pleno Maracanã. Só mais uma curiosidade: a Alemanha de Joachim Löw contou com seis jogadores do Bayern contra o Brasil (7-1), os mesmos que tinha na final de 1974.
Já Garay e Enzo Pérez continuam a sua saga de finais. Ao serviço do Benfica disputaram a final da Liga Europa, Taça de Portugal e Taça da Liga, a que juntaram a conquista do Campeonato Nacional. A glória teima em bater-lhes à porta…