A Espírito Santo Financial Group (ESFG), holding familar que detém uma participação de 25,1% no Banco Espírito Santo (BES), vai entregar um quinto da posição ao banco Nomura, de acordo com a edição desta sexta-feira do Expresso Diário. Os 5% do capital atual da instituição financeira foram dados como garantia de um empréstimo que a família contraiu com o objectivo de financiar a subscrição de novas ações emitidas durante o aumento de capital realizado em junho e que permitiu ao BES recolher mil milhões de euros.

A redução da posição da ESFG é uma consequência da queda das cotações que, nas sessões de bolsa mais recentes, tem afetado o desempenho do BES. Nos termos do contrato, explica o Expresso Diário, o Nomura teria direito a reclamar as ações que serviram de colateral ao empréstimo de cem milhões de euros, caso os preços no mercado se fixassem abaixo de um certo nível, o que já sucedeu. Em alternativa, a ESFG teria que reforçar a garantia com mais ações.

Durante a operação de aumento do capital do BES, a ESFG tinha já abdicado de uma parte da sua participação na instituição financeira, ao não exercer direitos de subscrição que lhe estavam atribuídos. Antes da emissão, a empresa era detentora de uma fatia aproximada de 27% das ações, o que significa que, em cerca de um mês, e após a execução da garantia por parte do Nomura, a família perde um quarto da posição no capital do BES, que ficará limitada a 20%.

Comissão do Mercado de Valores Mobiliários decidiu prolongar a proibição das vendas a descoberto das ações do BES durante mais dois dias úteis.

A derrocada dos títulos do BES na bolsa de Lisboa levou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), também nesta sexta-feira, a prolongar a proibição das vendas a descoberto das ações do BES durante mais dois dias úteis, isto é, segunda-feira e terça-feira próximas.

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A extensão da proibição temporária de vendas a descoberto, que já esteve ativa durante toda a sessão desta sexta-feira, está prevista nos regulamentos comunitários por um período máximo de dois dias, podendo ser acionada em caso de “diminuição significativa do respetivo preço em momento posterior à implementação da restrição inicial”, lê-se num comunicado da CMVM.

O limiar para esta cláusula poder ter efeito corresponde a uma diminuição de 5% ou mais no preço das ações em causa, em relação ao preço de fecho do dia de negociação anterior àquele em que a restrição inicial foi implementada. E, ainda segundo as normas da União Europeia, a flutuação do preço das ações em causa não pode excluir a ocorrência de um fenómeno de especulação com impacto negativo.

Desde o início de 2014, as ações do Banco Espírito Santo perderam metade do valor.

Hoje, as ações do BES baixaram 5,5% para 0,481 euros e, desde o início do ano, o título perdeu metade do seu valor (49%). Nas últimas semanas, foram tornados públicos vários problemas no Grupo Espírito Santo (GES), a que se juntam alterações na gestão do BES, com a saída do líder histórico do banco, Ricardo Salgado. Na final da noite de quinta-feira, o BES garantiu, em comunicado, que as potenciais perdas resultantes da exposição ao GES “não põem em causa o cumprimento dos rácios de capital”. O BES explicitou que detinha 2,1 mil milhões de euros acima do rácio mínimo regulamentar e uma exposição de 1,182 mil milhões de euros ao GES.

Hoje, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, disse que os depositantes do BES têm razões para confiar no banco e afirmou não ter dúvidas quanto à tranquilidade do sistema financeiro português. O primeiro-ministro, que falava aos jornalistas em Lisboa, à margem do Conselho de Concertação Territorial, relembrou a separação entre os negócios da família Espírito Santo e o BES.

Também durante a manhã, o Banco de Portugal saiu a público para garantir que o BES detém um montante de capital “suficiente” para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição ao GES, tranquilizando os clientes em relação aos seus depósitos.