Portugal, com a unidade de produção de eletricidade de Sines, ocupa o 27.º lugar entre as 30 centrais a carvão mais poluentes da Europa, uma lista liderada pela Alemanha e Reino Unido, informou hoje a Quercus.

“Estamos lá [na lista] desnecessariamente por um uso excessivo de carvão face àquilo que era possível utilizarmos para produção de eletricidade. Acho que Portugal conseguiria perfeitamente não estar neste Top 30”, disse à agência Francisco Ferreira, da associação de defesa do ambiente.

Várias organizações europeias, como a Rede Europeia de Ação Climática, a WWF, ou a Quercus, elaboraram um estudo que identifica as 30 centrais termoelétricas a carvão mais poluentes na Europa, e Alemanha e Reino Unido ficaram nos primeiros lugares, com nove centrais a carvão cada, enquanto Espanha está no 28.º lugar, com uma.

“A produção de eletricidade implica grandes emissões [de dióxido de carbono] e está a pôr em causa a política europeia de alterações climáticas, além de prejudicar a saúde e os ecossistemas pela emissão de outros poluentes”, salientou Francisco Ferreira.

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O carvão tem estado barato no mercado internacional, o que juntamente com o fraco funcionamento do mercado de carbono da Europa, levando a que as licenças para emissão de dióxido de carbono tenham um preço baixo, resultou numa mais intensa utilização deste combustível.

“Por isso, a produção de eletricidade em Portugal teve uma forte componente de energias renováveis, mas também do uso de carvão”, concluiu o ambientalista.

Portugal tem duas centrais a carvão, Sines e Pego, e Sines tem encerramento previsto para o início da próxima década.

As centrais de ciclo combinado a gás natural “são muito mais eficientes e prejudicam muito menos o ambiente, apesar de utilizarem um combustível fóssil, pois não emitem partículas, enxofre”, mas não têm sido muito utilizadas, explicou Francisco Ferreira, que reaalçou haver “uma distorção que é fundamental corrigir e esse é o principal apelo da Quercus”.

“Temos um peso grande de emissões de dióxido de carbono, causadoras das alterações climáticas, à custa de algo que deveria ser facilmente corrigido, em termos de mercado, que é uma utilização maior das centrais a gás natural e mais eficientes, [agora] praticamente paradas e não [seguir] uma lógica económica, mas mais prejudicial para o ambiente”, resumiu Francisco Ferreira.

O relatório alerta que o elevado uso do carvão em alguns dos Estados-Membros da União Europeia com as maiores populações, como o Reino Unido e a Alemanha, coloca a UE em grave perigo de não reduzir gradualmente as emissões associadas à combustão do carvão com a rapidez necessária, destruindo as ambições climáticas da Europa.

Por isso, “a eliminação rápida das emissões de dióxido de carbono a partir do carvão tem de se tornar uma prioridade na UE”.