O vice-presidente do CDS-PP, Nuno Melo, defendeu esta quarta feira que a antecipação das eleições legislativas seria interpretada pelos mercados e parceiros como um sinal de “instabilidade” e que “o facto normal e até desejável é que as legislaturas se completem”.

“O facto normal e até desejável é o de que as legislaturas se completem. Anormal é que as eleições se antecipem. Durante muito tempo, e bem, a maturidade do próprio regime democrático português foi avaliada por essa capacidade de cumprir ciclos eleitorais”, afirmou à Lusa Nuno Melo, referindo-se à ideia defendida pelo presidente da Câmara de Lisboa e candidato às primárias do PS, António Costa, e o ex-autarca do Porto Rui Rio.

Para o vice-presidente centrista, “a perceção dos parceiros e dos mercados é muito importante, e os mercados e os parceiros pedem estabilidade política”.

“As antecipações de eleições são sempre interpretadas como instabilidade política”, declarou. Por outro lado, também não deve ser a data das eleições presidenciais “a condicionar um ciclo normal de governação”, afirmou.

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De acordo com Nuno Melo, há ainda uma “razão política” para recusar antecipação das eleições legislativas, é que “a maioria que está novo Governo está coesa e tem uma maioria no parlamento também coesa que apoia esse Governo”.

O eurodeputado centrista argumentou também pela “falta de motivo histórico e até institucional para neste caso concreto haver eleições antecipadas”, apontando que “António Guterres foi eleito em outubro de 1995 e Durão Barroso foi eleito em março de 2002”.

“Num caso e noutro não veio daí mal ao mundo”, declarou. No mesmo sentido, o vice-presidente do PSD Marco António Costa também disse hoje que o partido é contra a antecipação das próximas eleições legislativas para abril de 2015 para não “fomentar instabilidade política”.

Rui Rio e António Costa defenderam, na terça-feira, a antecipação das eleições legislativas previstas para outubro do próximo ano, tendo Rui Rio apontado o 25 de Abril como dia possível para o ato eleitoral.

“Eu inclino-me mais para a antecipação [das eleições legislativas] para 25 de Abril. Assim separava-se as [eleições] legislativas das presidenciais, e rapidamente se resolvia o problema da governação a prazo”, salientou Rui Rio.

António Costa alinhou na mesma opinião e justificou. “Eleições em outubro significa que só em abril/maio teremos orçamento a funcionar” referiu o também candidato à liderança do PS.

Contudo, o presidente da Câmara de Lisboa alertou para o facto de ter de haver “um consenso” entre os partidos para que as eleições legislativas sejam antecipadas.

Mantendo os prazos constitucionais, as legislativas realizar-se-ão entre setembro e outubro do próximo ano e as presidenciais em janeiro de 2016.