O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) está a obrigar as mulheres residentes em Mosul, cidade localizada na região Norte do Iraque, a submeterem-se a um processo de mutilação genital. A acusação veio de Jacqueline Badcock, coordenadora humanitária da ONU no país que, no total, estimou em quatro milhões as mulheres iraquianas, entre os 11 e os 46 anos de idade, que estarão sob o risco de serem excisadas.

O aviso da funcionária das Nações Unidas surgiu após, nos últimos dias, ser noticiado que o ISIS — grupo extremista sunita que, desde o início de junho, controla, por via do confronto armado, uma área do Norte do Iraque –, emitiu uma fátua (decisão baseada na lei islâmica) para obrigar todas as mulheres à excisão genital.

O ISIS, contudo, e de acordo com o The Guardian, desmentiu que o seu líder, Abu Bakr al-Baghdali, tenha emitido a alegada fátua. Ele que, no início deste mês, exigiu obediência a todos os muçulmanos. “Obedeçam-me como obedecem a Deus”, disse, durante uma prece em Mosul.

Jacquline Badcock, porém, garantiu ter “informações e relatos da imposição” desta “diretiva” para que “todas as mulheres e raparigas até aos 49 anos sejam excisadas”. A responsável das Nações Unidas sublinhou à Reuters que “isto é algo novo para o Iraque”, acrescentando que “esta não é a vontade do povo iraquiano, ou das mulheres do Iraque que estão em áreas vulneráveis e controladas por terroristas”.

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Ahmed Obaydi, um porta-voz da polícia desta cidade iraquiana, revelou à BasNews, diário do Curdistão, que “no entender de Baghdali, a decisão de excisar todas as mulheres de Mosul serve para prevenir a imoralidade e promover atitudes islâmicas entre os muçulmanos”.

A queixa de Jacqueline Badcock surgiu no mesmo dia em que Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, se reuniu com o ayatollah Ali Al-Sistani, principal líder religioso da comunidade xiita iraquiana.