O Bloco de Esquerda (BE) quer que Passos Coelho ordene uma sindicância ao Governo e ao Conselho de Ministros para averiguar fugas de informação sobre o caso do BES, propondo que seja dirigida por um juiz indicado pelo Conselho Superior de Magistratura.

“O Governo não pode ficar de braços cruzados quando há fugas de informação que partem do próprio Conselho de Ministros”, afirmou esta quarta-feira, em conferência de imprensa, o coordenador do BE, João Semedo.

“Não se compreende por que razão o Governo ainda não teve uma palavra e uma atitude relativamente a fugas de informação”, insistiu, acrescentando que “o que faltou em esclarecimento, informação, transparência e verdade, sobrou em manipulação e informação dirigida a certas pessoas”.

Semedo nomeou duas pessoas: Luís Marques Mendes e José Luís Arnaut. O primeiro, como comentador da SIC, anunciou com 24 horas de antecedência o plano do Banco de Portugal (BdP) para tentar salvar o BES, dividindo-o em duas entidades, o banco bom e o banco tóxico.

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Segundo o coordenador do BE, a fuga de informação terá chegado a várias pessoas. “Estou a pensar em muita gente. Toda a gente sabe quais foram as empresas a tempo de levantar depósitos. José Luís Arnaut é da Lehman Brothers, que levantou 4 milhões de ações”, disse.

Semedo estaria a referir-se à Goldman Sachs, a que efetivamente Arnaut pertence, e que poucos dias antes da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter suspendido a negociação dos títulos do BES em bolsa, vendeu, tal como a PT, mais de 4 milhões de ações do BES.

“As fugas de informação não podem ficar impunes”, frisou.