Quem vive no campo saberá que uma das melhores formas de manter as melgas longe de casa é não enxotar a osga que vive por cima da porta. Ora está na parede vertical, com a cabeça virada para cima ou virada para baixo, ora está presa ao teto como se tivesse cola nas patas. Mas não é cola, nem tão pouco ventosas, é uma atração eletrostática, como quando ficamos com os cabelos presos num ecrã de televisor.
E é mesmo de pêlos que falamos aqui. Pequenos pêlos (sedas) ramificados com a capacidade de ligarem e desligarem a aderência às superfícies. Num momento, as osgas estão completamente imóveis no teto, no momento seguinte estão a correr pela parede a uma velocidade equivalente a vinte vezes o tamanho do corpo por segundo. Os pêlos com capacidade de estabelecer interações eletrostáticas evoluíram em momentos diferente, mas com a mesma função em osgas, aranhas e insetos.
Graças à adaptabilidade dos pêlos, as osgas e gecos são capazes de aderir a praticamente todas as superfícies. “Estas sedas e as suas ramificações podem deformar-se para criar contacto intímo até com as superfícies mais rugosas – resultando em milhares de pontos de contacto cada um deles capaz de carregar uma pequena carga”, diz em comunicado Alex Greaney, investigador na Universidade Estatal do Oregon, nos Estados Unidos. A força criada pelas sedas pode mesmo suportar um peso equivalente a 50 vezes o peso da osga.
Apresentando a natureza tão boas alternativas e ferramentas, o homem têm tentado recriar sinteticamente um adesivo seco que funcione como as patas das osgas e o segredo está nas caraterísticas dos pêlos: os ângulos que forma, a flexibilidade que apresentam e mesmo a robustez e forte adesão, conforme revela o estudo publicado esta sexta-feira na revista Journal of Applied Physics.