O general António Pires Veloso faleceu este domingo (17 de agosto), no Hospital Militar do Porto. A notícia já foi confirmada por fonte oficial do Estado-Maior do Exército.

Aos 88 anos, o “vice-rei do Norte”, como era conhecido pelo seu desempenho militar no 25 de novembro de 1975, não resistiu a um acidente vascular cerebral de que foi vítima há sensivelmente três semanas.

Nasceu António Elísio Capelo Pires Veloso a 10 de agosto de 1926, em Gouveia. Frequentou a Escola do Exército, onde terminou o curso de Infantaria. No final da década de 1950 segue para Macau, enquanto alferes, onde permanece até 1951. Presta ainda serviço em Angola, em plena Guerra do Ultramar, mas também em Moçambique.

O tio paterno do cantor Rui Veloso foi o último governador e alto comissário de Portugal em S. Tomé e Príncipe, comandante da Região Militar do Norte e até candidato à Presidência da República, como independente, nas eleições de 1980. Mas é, sobretudo, enquanto um dos protagonistas do “Verão Quente” de 1975 que o seu nome é relembrado. Nesse período destacou-se por fazer frente aos sectores mais radicais das Forças Armadas, colocando as unidades da Região Militar do Norte ao lado dos moderados que triunfariam a 25 de Novembro de 1975. Nesse o chefe militar que tinha ganho o cognome de “vice-rei do Norte” mobilizou as suas tropas em favor dos sectores que lutavam por uma democracia de tipo ocidental, como a que hoje temos no nosso país.

Em 2006, no dia 25 de Abril, foi agraciado com a Medalha Municipal de Mérito pela Câmara Municipal de Porto, à data presidida por Rui Rio, pelo seu “desempenho militar” e “papel fundamental na consolidação da democracia nacional durante o período em que comandou a Região Militar do Norte”, segundo a Lusa.

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É ainda autor de um livro de memórias publicado em 2008, com o título “Vice-rei do Norte: Memórias e revelações” e editado pela Âncora. À data, o Jornal de Notícias escrevia que o general havia decidido quebrar o silêncio passadas mais de três décadas após sair de “cena militar e política”.

Em novembro de 2012, em entrevista à Lusa, disse haver “um paralelismo entre a situação atual e o Verão Quente de 1975, que terminou no 25 de Novembro”.

“Há um certo paralelismo entre a situação socioeconómica de agora e os dias tormentosos de 1975. Agora, desenrola-se uma luta, que envolve de um lado um povo trabalhador, sacrificado, paciente, orgulhoso de ser português, e do outro um conjunto de governantes rodeados de pessoas dos partidos políticos e outras cujo comportamento nos leva a admitir que existe um conluio nebuloso entre eles, esquecendo por completo os ideais de Abril”, disse na altura.

Para Pires Veloso, os ideais do 25 de Abril “foram deturpados pelas elites totalitárias da extrema-esquerda, gerando um clima de pré-guerra civil e um caminho altamente perigoso que seria corrigido no 25 de Novembro, com a união de esforços de militares e da esmagadora maioria da população, enquadrada pelos partidos democráticos”.