O PS de Braga, a segunda maior federação socialista do país em número de militantes, está envolvido numa confusão nas vésperas do congresso distrital – que marca a primeira batalha das primárias. Alegadas irregularidades estão a marcar as eleições para a distrital, previstas para 6 de setembro, que opõe um nome próximo a António José Seguro (Maria José Gonçalves) e um outro próximo a António Costa (Joaquim Barreto), noticiam o Público e o DN.
Em causa estão alguns relatos de militantes com quotas pagas e regularizadas, portanto aptos a votar, que não pagaram de facto – dois deles por já terem falecido, outros por terem emigrado e já estarem afastados há vários anos da militância ativa. Não pagaram as quotas mas receberam recibos de pagamento em casa que os habilitam a votar para eleger o próximo presidente da distrital do PS de Braga.
Ao Público, o presidente da Comissão Organizadora do Congresso (COC) de Braga, António Ramalho, disse haver cerca de “20 casos” semelhantes que lhe chegaram às mãos, de pessoas que receberam recibos em casa sem nunca terem pago as quotas. Os concelhos de Famalicão e de Fafe são os que têm maior número de ocorrências – 1.191 militantes viram as suas quotas pagas. Em Fafe, segundo o Público, 192 dos 363 militantes nunca tinham participado até agora em qualquer ato eleitoral do partido mas estão aparentemente aptos a fazê-lo. Em Amares, por exemplo, há doentes acamados que também vão poder participar nas eleições porque viram as suas quotas pagas.
Perante isto, a Comissão Organizadora do Congresso decidiu que não estavam reunidas as “condições para se realizar o congresso”, escreve o Público, mas a direção nacional já tinha incumbido o atual líder distrital, Fernando Moniz, de avançar com o processo, tendo já assinado a convocatória que oficializa a realização do congresso e a consequente eleição dos dirigentes.
A entidade organizadora não quer que o conclave se realize no dia previsto, já a 6 de setembro, e na semana passada aprovou o envio destas situações anómalas para o Secretariado Nacional do PS solicitando o “esclarecimento da regularização do pagamento das quotas a militantes que há mais de cinco anos não procediam a qualquer pagamento”. O DN acrescenta que os pedidos para acesso aos dados destes militantes foi recusado pela direção, alegando que a Comissão de Proteção de Dados não o autoriza.