A UNITA, o maior partido da oposição angolana, quer que a Procuradoria-Geral da República de Angola abra “sem demora” um inquérito aos “contornos claramente criminosos” que diz envolverem o “caso” Banco Espírito Santo Angola (BESA).

A posição consta como uma das conclusões da IV reunião ordinária da Comissão Política da UNITA, que decorreu em Luanda entre terça e quarta-feira, de acordo com um documento enviado à Lusa.

O partido afirma que o “caso” BESA, detido maioritariamente (55,71%) pelo Banco Espírito Santo português, deve ser considerado como “de gestão danosa” e apresenta “contornos claramente criminosos”.

Por isso, a UNITA assume que deve “instar a Procuradoria-Geral da República, enquanto titular da ação penal do Estado, a abrir, sem demora, o competente inquérito a fim de responsabilizar exemplarmente todos os que nele estiverem implicados”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Fundos púbicos, negados ao suporte do processo de reconciliação nacional, foram imediata e indevidamente disponibilizados pelo Executivo, para cobrir estes atos que não devem continuar impunes”, lê-se ainda nas conclusões da reunião da Comissão Política da UNITA, que abordam outros assuntos da atualidade política nacional angolana.

A reunião da Comissão Política da UNITA decorreu sob orientação do presidente do partido, Isaías Samakuva, que na intervenção de abertura apontou o BESA como exemplo da utilização de fundos públicos para “atos ilícitos”.

Ainda sobre aquele banco, agora sob intervenção do Banco Nacional de Angola (BNA), o líder da UNITA afirmou que constitui “um exemplo de como pessoas nas vestes de agentes do Estado [em Angola] utilizam os fundos públicos e a autoridade pública para atos ilícitos”.

Aludindo ao crédito malparado no BESA, que segundo a UNITA poderá atingir os cinco mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros), Samakuva recordou que esses empréstimos, alegadamente sem garantias suficientes, serviram o interesse privado.

“Estes privados ficaram com o dinheiro, ficaram com as casas, ficaram com as empresas e não querem pagar”, acusa, reclamando a constituição de uma comissão de parlamentar de inquérito, nomeadamente sobre a emissão de uma garantia soberana do Estado – cuja revogação foi entretanto anunciada pelo BNA – sobre estas dívidas.

“Quem fala do BESA, fala também dos buracos que existirão nos outros bancos e das lavagens de dinheiro aí praticadas. Todo o sistema bancário está minado”, afirmou o líder da UNITA.