O líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido de oposição, garantiu esta segunda-feira que vai respeitar o cessar-fogo assinado no domingo com o Governo e confirmou que em breve se encontrará com o Presidente da República.

“Ontem à noite (domingo) e às 06.00 horas de hoje fizemos a comunicação a todas as forças militares para cessarem fogo. Todos ouviram bem. Receberam bem as ordens e de facto comprometeram-se”, disse Afonso Dhlakama aos jornalistas em Maputo, falando por teleconferência a partir da serra da Gorongosa, província de Sofala, onde se encontra escondido desde outubro do ano passado.

“Quero também apelar ao Presidente da República e igualmente comandante em chefe das forças armadas a comunicar a todas as forças espalhadas pelo país e seguirem o mesmo exemplo, de modo a evitar-se qualquer incidente”, disse ainda o presidente do partido de oposição.

O Governo moçambicano e a Renamo assinaram no domingo à noite em Maputo, ao fim de mais de um ano de negociações, um cessar-fogo e a base de entendimento para o fim das hostilidades no país

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Esta era uma das condições exigidas para Dhlakama aceitar sair do seu esconderijo e preparar a campanha eleitoral para as eleições gerais de 15 de outubro, nas quais é candidato presidencial pela Renamo.

Na conversa de hoje com os jornalistas, não avançou detalhes sobre a sua saída da região da Gorongosa, mas confirmou que se vai encontrar com o Presidente da República, Armando Guebuza, um encontro que o presidente da Renamo sempre recusou e que levou a que o cessar-fogo e os documentos do consenso no diálogo com o Governo tenham sido assinados pelos chefes das delegações das duas partes.

“Não sei se será em Maputo ou na Beira, mas também estou interessado [no encontro]. Há boa vontade do meu lado, de facto há muita coisa para conversar. Do lado do Presidente da República também há essa vontade”, afirmou Dhlakama.

O líder da oposição deixou ainda um apelo ao parlamento moçambicano para que aprove todos os documentos saídos das negociações com vista a que estes ganhem valor jurídico,

“Este não é apenas o assunto de Dhlakama e Guebuza, mas sim de todos os moçambicanos”, declarou.

No entanto, o porta-voz da bancada da Frelimo (partido no poder) no parlamento, Edmundo Galiza Matos Júnior, disse hoje, citado pela agência de notícias moçambicana AIM, que o documento final de cessação das hostilidades não tem relação com a Assembleia da República, considerando que se trata de “manobra dilatória” da Renamo.

A Assembleia tinha previsto para hoje a cerimónia de encerramento da IX sessão ordinária, mas, segundo a AIM, a presidente do Parlamento anunciou que vai convocar uma sessão extraordinária para analisar o acordo do fim das hostilidades e outras matérias de interesse nacional.