Quando o verão chega a bola rola pouco. É tempo de descanso, primeiro, e de arranque dos treinos e das corridas, depois. Aí já é altura de pegar no carrinho, rechear a carteira e ir às compras. Só não há é um supermercado. No futebol, os jogadores não são itens imóveis, alinhados em prateleiras, com um preço fixo na etiqueta. Não. Aqui é preciso negociar: trocar telefonemas, fazer perguntas, averiguar intenções, regatear valores e mover interesses. De 1 de junho e 31 de agosto, tudo conta.

E contou, uma vez mais, para Jorge Mendes. Para o super-empresário, o homem que não larga o telemóvel, este mercado de transferências foi agitado. Como sempre. O papel do português é representar jogadores, mediar negócios e facilitar entendimentos — e conseguiu-o. Nesta janela, um total de 243 milhões de euros foram movimentados com a ajuda de Jorge Mendes. Pelo menos, dos que se conhecem.

Sim, pois vários negócios houve em que os clubes não revelaram os valores envolvidos no negócio, ou esclareceram se houve, ou não, um pagamento de verbas. O empréstimo de Bernardo Silva, do Benfica, ao AS Monaco, é um exemplo, além da transferência de Filipe Augusto do Rio Ave para o Valência, treinado por Nuno Espírito Santo. O tal homem que, em 1996, foi a primeira ‘mercadoria’ negociada por Jorge Mendes, do Vitória de Guimarães para o Deportivo da Corunha.

Estes, contudo, não passam de pequenos negócios. A Gestifute, empresa do agente português, mediou quatro das dez maiores transferências que se concretizaram este verão. E Jorge Mendes só não ficou com a mais cara por um milhão de euros — a diferença entre o que o Barça pagou por Luis Suárez e a quantia desembolsada pelo Real Madrid para ter James Rodríguez.

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James Rodríguez, do AS Monaco para o Real Madrid: 80 milhões de euros
Ángel di María, do Real Madrid para o Manchester United: 75 milhões de euros
Diego Costa, do Atlético de Madrid para o Chelsea: 37 milhões de euros
Eliaquim Mangala, do FC Porto para o Manchester City: 30 milhões de euros
Adrián, do Atlético de Madrid para o FC Porto: 11 milhões de euros
Radamel Falcao, do AS Monaco para o Manchester United (empréstimo): 10 milhões de euros
Bernardo Silva, emprestado pelo Benfica ao AS Monaco: ?
Bebé, do Paços de Ferreira para o Benfica: ?
Filipe Augusto, do Rio Ave para o Valência: ?
Ivan Cavaleiro, emprestado pelo Benfica ao Deportivo da Corunha: ?
João Cancelo, emprestado pelo Benfica ao Valência: ?
Nani, emprestado pelo Mancheter United ao Sporting: sem custos

Depois houve os 75 milhões que o Manchester United transferiu para a conta dos merengues, em troca de Ángel di María. Por 37 conseguiu o Chelsea tirar Diego Costa do Atlético de Madrid, já após o Manchester City gastar 30 milhões para contar convencer o FC Porto a libertar Eliaquim Mangala. Aos dragões chegou Adrián, por 11 milhões e, na segunda-feira, último dia do mercado de transferências, Falcao aterrou em Inglaterra para se juntar aos red devils, que pagaram 20 milhões de euros para o colombiano sair do Mónaco.

Olha-se para os negócios, fazem-se contas e conclui-se que os euros associados a Jorge Mendes representaram 10,5% dos 2,3 mil milhões de euros movimentados, este verão, nas cinco principais ligas europeias (Premier League, Bundesliga, La Liga, Série A e Ligue 1). No total, a Gestifute representa hoje 77 jogadores que, segundo a Transfermarkt, lhe dão um valor de mercado estimado nos 799 milhões de euros. É muito, sim.

E nada mau para um lisboeta, hoje com 48 anos, que em miúdo quis ser futebolista, foi DJ num bar em Caminha e ainda chegou a ser proprietário de uma loja de aluguer de filmes. Este verão movimentou 243 milhões de euros, mas, em 2009, conseguiu com um só negócio chegar aos 94 milhões. Foi com Cristiano Ronaldo, lembra-se?