Há os fãs que preferem a fase em que a banda, conduzida por Peter Gabriel, se assumiu como um dos mais importantes projetos de sempre do rock progressivo que dominou a primeira metade dos anos 1970. Muitos outros louvam os Genesis por causa da fase pop em que Phil Collins se tornou na figura mais influente da banda, transformando-a num fenómeno para ser apreciado em estádios.

Entre uma e outra faceta dos Genesis, o Guardian decidiu escolher os dez temas que considera serem o melhor que Gabriel, Collins e os restantes integrantes do grupo legaram para os anais do rock e da pop.

1. “The Knife”, Trespass, 1970

É o tema que encerra o segundo álbum de originais dos Genesis, quando a banda começou a entrar nos terrenos do rock progressivo e deixou para trás a coleção de canções pop da estreia, no álbum “From Genesis to Revelation”, próximas das baladas dos Moody Blues. O riff de arranque, tocado no órgão por Tony Banks, é um dos mais poderosos alguma vez compostos pela banda.

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2. “The Musical Box”, Nursery Crime, 1971

Abre o terceiro álbum de originais dos Genesis, tornou-se num clássico nas atuações ao vivo, em que Peter Gabriel deu larga à sua criatividade em palco, encarnando as personagens de que as letras das composições falavam. O disco é a primeira obra em que participam os músicos que constituiriam a formação “clássica” na carreira da banda, com Steve Hackett na guitarra, a entrada de Phil Collins para a bateria e, ainda, Peter Gabriel, Mike Rutherford e Tony Banks, fundadores do grupo.

3, “Watcher of the Skies”, Foxtrot, 1972

Para milhares de apreciadores, Foxtrot é a primeira grande obra-prima dos Genesis e, sobretudo, por uma razão. O lado 2 da edição original em vinil era praticamente preenchido com uma suite épica de 23 minutos, “Supper’s Ready”. Para o Guardian, é a faixa que abre o disco que merece ser incluída entre os melhores momentos da banda, marcada por uma longa introdução de mellotron manuseado por Banks.

https://www.youtube.com/watch?v=57HicYcY4Ow

4. “Firth of Fifth”, Selling England By the Pound, 1973

Terceiro tema daquele que o jornal britânico não hesita em considerar como a “melhor hora” dos Genesis. Tony Banks e Mike Rutherford escreveram a letra e consideram-na a pior de toda a sua vida. No entanto, a introdução, no piano, também executada por Banks, e a passagem instrumental que antecipa o remate do tema merecem bem o destaque que o Guardian dá a “Firth of Fifth”.

https://www.youtube.com/watch?v=SD5engyVXe0

5. “I Know What I Like (In Your Wardrobe)”, Selling England By the Pound, 1973

Os Genesis dos primeiros tempos estavam-se nas tintas para a edição de singles, mas abriram uma exceção com este tema, aquele que antecede “Firth of Fifth” no alinhamento do álbum lançado em 1973. A música da banda surge mais refinada, instrumentalmente mais madura e um riff que costumava servir de base a sessões de improvisação promovidas pelo guitarrista Steve Hackett acabou por dar origem a uma canção que foi lançada em 45 rotações e chegou ao 21º posto nas listas de vendas do Reino Unido.

https://www.youtube.com/watch?v=y1tFQMjc-IE

6. “In The Cage”, The Lamb Lies Down on Broadway, 1974

Escândalo? Talvez. Na lista de dez temas, “In The Cage” é o único retirado daquele que, para milhares de seguidores fiéis dos Genesis é o seu melhor álbum de sempre, o momento de auge que também representa a derradeira obra em que Peter Gabriel colaborou, antes de decidir seguir uma carreira a solo, em 1975, após uma digressão que teve duas datas em Cascais. “In The Cage” é uma das canções que integra este “concept-album” que conta a história da viagem de um jovem aos subterrâneos de Nova Iorque, habitados por personagens surpreendentes e bizarras.

7. “Turn It On Again”, Duke, 1980

Após a saída de Peter Gabriel, os Genesis procuraram encontrar um vocalista que pudesse substituir o carismático fundador da banda. Os quatro membros restantes não encontraram quem os satisfizesse e a opção acabou por recair sobre Phil Collins, que passou a dar a voz e a garantir a bateria. Nos três álbuns de estúdio seguintes, o rock progressivo ainda ocupou uma fatia relevante na música da banda. Mas a aproximação à pop melódica e talhada para trepar nas listas de vendas começou a ganhar peso. “Turn In On Again” representa a viragem da banda para atacar a década de 1980 em registo de estádios. Estádios cheios, naturalmente.

8. “Duchess”, Duke, 1980

Este álbum de 1980 mantém, ainda assim, algumas reminiscências dos velhos tempos. “Duchess” é uma mini-suite à moda dos Genesis dos discos da primeira metade dos anos 1970 e introduz a percussão eletrónica a que Phil Collins iria recorrer com frequência nas suas gravações a solo. Mas introduzir nesta lista “Duchess” e ignorar temas como “Carpet Crawl” ou “Back in New York City”, de The Lamb Lies Down on Broadway, é questão para reflexão e controvérsia.

9. “Abacab”, Abacab, 1981

Álbum produzido por Hugh Padgham, que também trabalhou com os Police e foi muito requisitado durante a década de 1980, inclui instrumentos de sopro, coisa inédita na carreira da banda, caso se exceptue a flauta que Peter Gabriel tocava de vez em quando. A faixa segue as pisadas de “Turn It On Again”, talhada para passar em discotecas e competir com a onda de bandas que, na sequência da emergência do punk e na new wave, fizeram regressar o rock e a pop aos três ou quatro minutos de tempos rápidos e destinados a animar as pistas de dança.

10. “Domino”, Invisible Touch, 1986

Gravado numa altura em que distinguir entre o que era um álbum a solo de Phil Collins e aquilo que era material assinado pelos Genesis, Invisible Touch rendeu-se em definitivo à pop, sobretudo através do som polido e limpinho da canção que dá o título ao disco. Mas tinha, ainda, na manga “Domino”, um esforço de realizar uma síntese de tudo o que tinha feito parte da evolução da banda desde os seus primórdios. O álbum foi o maior sucesso de vendas de sempre dos Genesis e “Domino”, enfim, é um bom esforço.