O Consulado Geral de Portugal em São Paulo recebe, até 05 de dezembro, uma exposição sobre a participação portuguesa na Bienal de arte da cidade, com o histórico e os detalhes de um intercâmbio que começou em 1951.

A mostra inclui uma obra da artista portuguesa Mafalda Santos sobre a teia de relações das participações portuguesas, um vídeo com imagens de 400 das mais de 1.500 obras de portugueses expostas nas bienais, conteúdos dos arquivos Wanda Svevo e da Biblioteca de Arte da Gulbenkian, e citações de jornais portugueses e brasileiros.

Na sua obra, Mafalda Santos realizou uma ‘residência’ de um mês no consulado e desenhou com nanquim, numa parede de seis metros, uma interpretação do projeto português para as bienais, incluindo os nomes dos artistas e curadores, num formato de pastas e arquivos de Windows.

Em 31 edições da bienal, obras de mais de 200 artistas portugueses estiveram presentes, como Almada Negreiros, Fernando Lemos e Vieira da Silva. A mostra no consulado, intitulada “Cartas de São Paulo – Uma história da presença portuguesa na Bienal de São Paulo”, foi organizada com base no doutoramento da uma das curadoras, Lígia Afonso.

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“Com a proximidade da inauguração da 31ª Bienal [no dia 06], achamos que esse era um espaço aberto para o diálogo entre Brasil e Portugal. A idealização durou dez ou onze meses, até que escolhemos o recorte da pesquisa e de que forma iríamos materializá-lo”, realçou Isabella Lenzi, também curadora do projeto.

A exposição aborda a influência da política na arte, dividindo a presença portuguesa na Bienal de São Paulo em três momentos: o Estado Novo (1951-1973), a chamada Era Gulbenkian (1975-1996), com comissariado de José Sommer Ribeiro, e uma repolitização pós-1996, com o DGArtes.

Até à 26ª bienal, Portugal, e outros países, possuíam um espaço, no qual representações nacionais, chamadas de comissariados, escolhiam os artistas. A partir da 27ª, os convites passaram a ser diretamente ao artista.

O cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Lourenço, afirmou que a exposição é também uma homenagem ao facto de que a primeira itinerância da Bienal de São Paulo deve ocorrer em 2015, em Serralves.

“É a primeira vez que a Bienal sai do Brasil, e vai para Portugal. É uma forma de dizer que passou o tempo em que arte era apenas Estados Unidos e Europa. Hoje temos centros de produção de arte espalhados pelo mundo, e o Brasil e é uma potência”, disse.