Não gostava que lhe dissessem o que fazer e, a nível profissional, tinha problemas em aceitar as opiniões dos outros. Aos 14 anos, Liv Tyler era “tonta” e “rebelde”. As palavras são da própria atriz que explica, numa entrevista ao britânico Telegraph, que em plena adolescência ser modelo não era fácil — apesar de ter sido a sua primeira área de trabalho. “Devia ter aproveitado mais [o facto de ser modelo]. Mas tinha muita dificuldade com a autoridade”. À data, as ideias eram muitas, motivo pelo qual não gostava de “estar quieta”, em plena sessão fotográfica, e “parecer bonita”.

Atualmente, com 37 anos, Tyler é detentora de um contrato com a gigante de cosméticos Givenchy e aprecia os trabalhos que exigem de si poses para lentes fotográficas: “Hoje em dia, adoro ser modelo e, agora que já não o faço, sinto falta. Estava sempre a ir a Paris”, conta num tom saudosista. A essa faceta profissional acrescenta-se a carreira, que já vai longa, de atriz. A mesma que começou com a ajuda do pai e vocalista da banda Aerosmith, Steven Tyler, quando apareceu juntamente com Alicia Silverstone no videoclip da canção “Crazy”.

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Por falar no pai, foi apenas aos 10 anos que Tyler descobriu a sua verdadeira identidade. A estrela cresceu com a mãe, modelo e groupie, Bebe Buell, que tinha como amigos próximos Mick Jagger e John Lennon. Em criança, conheceu Steven Tyler nos bastidores de um concerto — as semelhanças eram evidentes. Até então, a jovem rapariga acreditava genuinamente que o seu pai era o parceiro de Buell, Todd Rundgren. Apesar da situação caricata, a atriz não mostra qualquer tristeza ou arrependimento, até porque, à data, terá dito: “Este ano, o Natal vai ser muito divertido”.

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A entrevista do jornal britânico vem a propósito da estreia de Tyler no pequeno ecrã. A série The Leftovers, da HBO, chega às televisões norte-americanas no próximo mês, sendo que a estrela vai contracenar lado a lado com Justin Theroux e Christopher Eccleston. Até então, a carreira tinha-se confinado às telas de cinema: em adolescente participou em filmes independentes, incluindo a comédia Empire Records; mais tarde, conseguiu o papel de Arwen, na famosa trilogia O Senhor dos Anéis. Mas também foram filmes como Armageddon ou O incrível Hulk que a colocaram no centro das atenções.

Depois, veio Milo, o filho com o ex-marido Royston Langdon e o motivo porque deixou de lado o cinema — Tyler está à espera do segundo filho, com o ex-agente de David Beckham. “Desde que o Milo nasceu, não tenho feito muitos filmes porque simplesmente não consigo imaginar estar longe de casa por longos períodos de tempo”. Agora, com a série, surgiu uma oportunidade de ouro: como as filmagens são feitas perto de Nova Iorque, Tyler pode dar conta dos recados domésticos e ser, ao mesmo tempo, atriz. “É um trabalho estável e isso é uma coisa que nunca tive antes. Parece um luxo”.

O luxo, no entanto, não está isento de desafios. Não é a mesma coisa, explica a publicação, do que ter 25 anos e viajar para a Nova Zelândia e imergir-se totalmente no papel a representar (referência à trilogia inspirada nos livros de Tolkien). Os planos do dia são outros: acordar, dar o pequeno-almoço ao filho e levá-lo à escola; só depois, trabalhar e “perceber o que vou fazer para o jantar”. Um desafio que agrada a menina dos (bonitos) olhos azuis.