No final da semana passada os responsáveis pelos Correios do Egito ainda tentaram negar que existiria qualquer problema com os selos comemorativos que estão a ser preparados em honra do novo canal do Suez, mas este sábado, o ministro das Comunicações egípcio, Atef Helmy, foi obrigado a admitir que a impressão dos selos tinha sido cancelada porque, em vez de uma imagem do canal do Suez, no Egito, era mostrada uma imagem do canal do Panamá, na América Central.

No início de agosto, o Governo egípcio anunciou que planeava construir um novo canal do Suez, lado a lado com o antigo canal, num investimento de quase quatro mil milhões de dólares (cerca de três mil milhões de euros). Umas semanas depois, o presidente dos Correios do Egito Ashraf Gamal El Din dizia que seriam criados selos comemorativos para celebrar este empreendimento. Mas quando as primeiras imagens do selo começaram a circular nas redes sociais não havia motivos de orgulho, tinha havido confusão com as imagens do canal.

O canal do Suez, com os seus 145 anos de história, é motivo de orgulho nacional para os egípcios, especialmente desde que deixou o controlo colonial em 1956. Mas o novo projeto não arrancou da melhor maneira. Por um lado, o selo comemorativo não apresenta uma imagem real. Por outro, milhares de pessoas terão de abandonar o local onde vivem para darem lugar ao canal de 72 quilómetros que permitirá uma circulação em ambos os sentidos, em cerca de metade da extensão (162,5 quilómetros).

Estabelecendo uma ligação entre o mar Mediterrâneo e o mar Vermelho, o canal do Suez é um importante meio de comunicação entre a Europa e a Ásia, porque elimina a necessidade de viajar ao largo da África do Sul – tarefa árdua que os descobridores portugueses souberam contar. Além disso, é uma fonte de rendimento importante para o Egito – um ganho anual de cinco mil milhões de dólares que pode subir para 13,5 mil milhões de dólares (mais de 10 mil milhões de euros) em 2023. Ao longo dos próximos cinco anos, pelo menos 20 empresas egípcias estarão envolvidas no projeto, mas sempre sobre supervisão militar por questões de segurança.

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