O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido vai reunir esta sexta-feira com o irmão de Ghonchech Ghavani, a iraniana de 25 anos, que foi presa por ter assistido a um jogo de voleibol no Irão, a 20 de junho, avança o The Telegraph.

Com dupla nacionalidade, iraniana e britânica, Ghoncheh Ghavami foi detida antes de um jogo da seleção nacional do país contra a Itália, com mais de uma dezena de mulheres. A jovem, advogada em início de carreira, que estudou em Londres, está detida há 80 dias na prisão Evin, em Teerão, conhecida por ser a casa de vários prisioneiros políticos e jornalistas. Ainda não é conhecida a data em que a jovem de 25 anos será libertada.

“Vou reunir-me com eles [do Ministério dos Negócios Estrangeiros] às 10 horas da manhã [de sexta-feira].Congratulo-me com o convite do Ministério das Negócios Estrangeiros para falarmos sobre a minha irmã”, disse Iman Ghavami, 28 anos, citado no The Telegraph.

O jovem iraniano foi contactado pelo Governo britânico esta quinta-feira, por volta das 11 horas da manhã. “A pessoa com quem falei disse que tinham lido a história do Telegraph e que iriam marcar uma reunião comigo no Ministério, para falarmos sobre a situação da minha irmã”, explicou.

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A reunião de sexta-feira foi confirmada pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros e os diplomatas britânicos já levaram o caso de Ghavami às autoridades iranianas: querem saber mais informações sobre o seu bem-estar e as acusações que lhe foram feitas. Ajay Sharma, diplomata britânico responsável pelas relações com o Irão, está a acompanhar o caso.

Até à conversa desta quinta-feira, o único contacto que Iman Ghavami tinha tido com o Ministério dos Negócios Estrangeiros tinha sido um telefonema há cerca de uma semana, no qual foi informado de que iriam enviar uma nota diplomática ao Governo iraniano.

O jovem contou que a polícia iraniana levou todos os telefones, computadores e iPads de casa dos pais e que a irmã só teve autorização para telefonar para casa semanas depois de ter sido detida. Durante os 50 dias em que esteve na solitária, Ghonchech Ghavani falou com os pais pelo telefone três vezes. Quando começou a dividir cela com outra prisioneira, os pais puderam visitá-la quatro vezes. De acordo com o irmão de Ghonchech Ghavani, a prisão Evin é um dos “lugares mais intimidantes” do país.

“A prisão tem má fama. Ghoncheh está na pior parte e foi interrogada repetidamente [sem um advogado estar presente]. É o pior lugar em que alguém pode estar. É como aquilo que se vê nos filmes. As condições psicológicas são terríveis. Eu só vi uma foto, mas os meus pais foram visitá-la ontem [quarta-feira] e encontram-se num ponto de rutura”, disse Iman Ghavami.

Desde 1972 que as mulheres iranianas estão proibidas de assistir a jogos de futebol. Em 2012, a proibição foi alargada ao voleibol.