“Eu importo-me com o que as pessoas pensam de mim”, disse Nicolas Cage numa rara entrevista à britânica The Times Magazine, onde fala sobre a vida privada e as críticas que tem recebido nos últimos tempos. Aos 50 anos, o ator que leva no currículo um Óscar e um Globo de Ouro pela participação em Morrer em Las Vegas, de 1995, mostra-se sensível e incompreendido.

“Estou orgulhoso pelas oportunidades que agarrei. Nem todas funcionaram, mas eu tinha um conceito e puxei por ele. É provável que isso tenha incomodado vários críticos e várias pessoas que não ficaram em sintonia, mas estou orgulhoso do que fiz. Tolstoy disse algo no sentido de que não importa se a resposta que recebemos é de amor ou de ódio porque criámos um efeito. O que não vale a pena é algo que fica parado e do qual as pessoas se esquecem. Se as pessoas amaram ou odiaram, ao menos fizeste alguma coisa. Isso dá-me algum consolo.”

A US Magazine refere que o ator, ao longo da carreira que já leva cerca de quatro décadas, fez escolhas estranhas. Desde trabalhar em filmes aclamados pela crítica, como O Feitiço da Lua de 1987, a títulos direcionados para o sucesso em bilheteiras e considerados de “ridículos” — é o caso de Ghost Rider: Espírito de Vingança e Destino Infernal, ambos de 2011. No entanto, Cage não pensa de igual forma e faz notar que possa existir outro motivo para o facto de os críticos não estarem em sintonia com ele: “Às vezes sinto-me um estranho. Quando és dotado de uma forma original de pensar, ou de uma imaginação muito ativa, podes rapidamente ser ostracizado. Podes sentir-te isolado e incompreendido”.

As palavras do ator vêm na sequência de este ser, muito recentemente, o tema de várias conversas desagradáveis na Internet. Tratam-se de opiniões que o têm afetado, razão pela qual se equipara a um “disco riscado” considerando as vezes que fala do assunto em casa — Cage está casado com Alice Kim desde 2004, com quem tem um filho de oito anos, Kal-El; é ainda pai de Weston Coppola Cage, de 23, filho da ex-mulher Christina Fulton. Mas o ator raramente fala da vida privada, preferindo focar-se sempre na carreira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

https://twitter.com/NicCageDaily/status/471365498928893952

E é precisamente sobre a veia de ator que Nicolas Cage faz uma retrospetiva na já referida entrevista. Onde antes existia uma mística em torno dos atores, diz, hoje as pessoas interessam-se mais na vida privada das estrelas em detrimento das respetivas performances: “Não é sobre o que eles [atores] fazem diante das câmaras, mas sim o que eu descreveria de roupa suja”.

Apesar disso, Cage insiste que é incrivelmente dedicado ao trabalho, independentemente do papel a representar. Confessa ainda que vomita de cada vez que começa um filme porque preocupa-se genuinamente com a performance que lhe compete. “Mesmo que esteja a fazer um filme onde estou numa espécie de situação sobrenatural, eu vou abordá-lo [ao papel] com o mesmo empenho e busca por autenticidade. E isso até pode parecer ridículo. Mas, para mim, o importante é que não o fingi”.