A empresa pública dos Açores Atlanticoline anulou o concurso internacional para a construção de dois navios para transporte de passageiros, após análise das candidaturas apresentadas, e vai lançar um novo no prazo de um mês.
Em conferência de imprensa esta sexta-feira em Ponta Delgada, o presidente da empresa, Carlos Reis, explicou que nenhum dos estaleiros candidatos à construção dos barcos, na sequência do concurso lançado em fevereiro deste ano, reuniu “todas as exigências do caderno de encargos”, nomeadamente a nível da “documentação”.
A Atlanticoline decidiu, por isso, encerrar “este procedimento” e vai lançar, “no prazo máximo de um mês”, um novo concurso internacional para a construção de dois navios com as mesmas características e o preço base (85 milhões de euros) do concurso agora anulado.
O objetivo dos Açores é ter dois barcos para ligações entre todas as ilhas do arquipélago com capacidade para 650 passageiros e 150 viaturas.
“Estamos perfeitamente seguros daquilo que pretendemos e que aquilo que pretendemos serve da melhor forma os Açores e a operação que desenvolvemos”, disse Carlos Reis, descartando a possibilidade de serem encomendados navios mais pequenos, como reclamam diversas vozes no arquipélago.
Carlos Reis insistiu em que os barcos terão uma vida útil superior a 25 anos e que esta é a capacidade necessária para responder a picos atuais de procura no verão e àquilo que é esperado no futuro, sobretudo se houver um acréscimo significativo de turistas nas ilhas na sequência da liberalização das rotas aéreas, prevista para 2015.
O presidente da Atlanticoline sublinhou que a empresa assegura a operação de transporte de passageiros entre todas as ilhas, nos meses da primavera e verão, há sete anos, tendo por isso “perfeita noção” daquilo que está “a pedir”.
No entanto, ressalvou, a empresa presta um “serviço público”, que será sempre deficitário, tendo de haver, porém, um “equilíbrio” entre as necessidades desse serviço e o “seu custo”.
Segundo garantiu, assegurar a operação atual com barcos próprios (e não alugados, como acontece hoje), traduzir-se-á numa poupança anual de 2,5 milhões de euros. Além disso, revelou que os novos barcos terão capacidade para operar também no inverno, mas a possibilidade de isso acontecer só será avaliada posteriormente.
Carlos Reis explicou que a Atlanticoline vai fazer agora uma revisão do caderno de encargos dos novos barcos, mas “o fundamental, nomeadamente, a especificação técnica”, vai manter-se.
Até porque, sublinhou, o caderno de encargos “não sofreu qualquer contestação” por parte dos candidatos que surgiram (um estaleiro norueguês e dois espanhóis).
A questão colocou-se ao nível da “documentação”, ou seja, nenhum dos concorrentes “conseguiu cumprir com tudo o que era necessário em termos administrativos” e que a Atlanticoline exige por causa das regras da contratação pública.
Carlos Reis sublinhou que os Açores querem garantir máxima “segurança” neste processo, e não estão “disponíveis para avançar sem total confiança”, lembrando que a região já teve uma “má experiência”, numa referência ao navio “Atlântida”, encomendado aos estaleiros de Viana do Castelo, justamente para fazer o transporte de passageiros a que se destinam estes barcos agora a concurso, e depois recusado.
Apesar de o caderno de encargos ser o mesmo, a empresa acredita que surgirão novos candidatos, dado que “o problema” não está nas exigências da Atlanticoline, havendo que considerar algumas “nuances em termos de mercado”.
Segundo Carlos Reis, a Atlanticoline recebeu “informações” de outros estaleiros, quando lançou o primeiro concurso, de que estavam interessados em construir os navios, mas não tinham “disponibilidade de espaço” naquele momento por estarem envolvidos noutros projetos o que, entretanto, pode ter mudado.
Se o novo concurso decorrer com normalidade, a empresa pensa que poderá começar a usar os novos navios em 2017.