Apesar do avanço tecnológico e da diversidade de equipamentos a que os consumidores têm acesso, estes parecem durar cada vez menos. Para alguns trata-se de uma estratégia dos fabricantes, que obrigam os consumidores adquirirem novos produtos mais cedo, para outros é apenas o resultado da economia atual.
De acordo com dados divulgados pela DECO (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor), na última edição da revista Proteste, são sobretudo os produtos elétricos ou eletrónicos que mais são substituídos. A razão da troca são geralmente avarias que, ao contrário do que acontecia antigamente, são cada vez mais difíceis de resolver. Outra razão é o surgimento de novos produtos, mais apelativos e com novas vantagens, que rapidamente tornam os antigos obsoletos.
Deparados com este problema, várias organizações de consumidores têm-se dedicado a estudar o fenómeno da “obsolescência programada”, isto é, a conceção de produtos para que se tornem rapidamente obsoletos. Cada vez mais organizações acusam os fabricantes de criarem equipamentos para que fiquem “fora de moda” mais depressa ou que sejam impossíveis de reparar, apelando assim a um maior consumo.
De acordo com a DECO, não é claro o motivo pelo qual os aparelhos duram menos. Em alguns casos pode estar relacionado com uma redução de custos que se reflete numa menor qualidade dos produtos, mas em outros pode ser porque o próprio fabricante acredita que os seus consumidores preferem comprar um aparelho novo em vez de reparar o antigo.
Mas, independentemente das razões, o que é certo é que a duração dos produtos é cada vez menor e os consumidores sentem cada vez mais a necessidade de existir uma maior informação sobre o tempo de vida expectável dos equipamentos. Neste sentido, pedem que seja criada uma legislação específica a nível europeu que reforce a proteção dos direitos dos consumidores, refere a DECO. Para além de informação sobre a durabilidade dos equipamentos, exigem ainda uma indicação clara sobre a sua reparabilidade e “a duração da disponibilidade de acessórios e de peças de substituição”. Para além disso, pedem ainda um alargamento do período mínimo de garantia, “em linha com tempo expectável de duração do produto”.