Depois de anos afastado do roteiro de compras dos portugueses (e, quiçá, dos estrangeiros), o comércio de rua parece estar a ganhar novo protagonismo. Segundo um estudo da consultora imobiliária JLL, Lisbon Street Shopping – A Afirmação do Comércio de Rua em Lisboa, 66 lojas foram inauguradas nos cinco principais destinos de compras da capital ao longo de 2013 e 2014, incluindo as que vão abrir até ao final do ano, sendo que o número duplica para as 122 se recuarmos a 2010. Os destinos em questão incluem a Avenida da Liberdade, Rua Castilho, Chiado, Baixa e Príncipe Real.

Do total das 66, 31,8% (21 unidades) ocupam lugar na Avenida da Liberdade, que emergiu nos últimos anos como um dos principais destinos para aquisições de luxo na capital, diz a JLL. O Chiado ultrapassa esta artéria citadina com apenas uma loja a mais, sendo que na Baixa registam-se cinco unidades, muito à semelhança do que acontece na Rua Castilho. Na zona do Príncipe Real, por sua vez, contam-se 11 lojas além da Embaixada e do Entre Tanto.

“Basta passear por Lisboa para descobrir as diferenças em relação a alguns anos. Novas marcas, novos conceitos, lojas renovadas, restaurantes e muitas esplanadas são a face mais visível de uma cidade em transformação. E não são apenas as marcas internacionais que escolhem as ruas de Lisboa para abrir lojas, são também vários os exemplos de empreendedorismo português, com conceitos inovadores, bem posicionados, design atrativo, marketing diferenciador e que apostam muito na criação nacional”, explica Patrícia Araújo, Head of Retail da JLL Portugal, em comunicado.

O estudo destaca, também, as zonas emergentes do Cais do Sodré/São Paulo e Mercado da Ribeira, apesar de os centros comerciais continuarem a ser o principal destino dos consumidores portugueses. Em termos mais gerais, Lisboa encontra-se atualmente em 19º lugar na lista de cidades europeias com maior presença de marcas internacionais, à frente de capitais como Dublin, Bruxelas ou Budapeste. No segmento de luxo, é a 22º da cidade do continente europeu com mais marcas de luxo.

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E ainda a propósito de novos negócios, o Observador selecionou cinco espaços, da restauração à decoração, que representam as zonas de comércio de rua indicadas no presente estudo. 

 

This & That

Duas sócias e duas amigas de longa data: Branca Lagarto e Natacha Tavares Pinto abriram a loja This & That no Príncipe Real no início de setembro. Um espaço que recebe peças de diferentes feitios e que servem o gosto de clientes de todas as idades. “Dá para vir o avô, o pai e o filho. Há presentes para todos”, conta Natacha ao Observador. Os artigos para venda são escolhidos a dedo pela dupla que, garante, tem como prioridade o bom gosto. Além dos itens mais habituais de decoração, há peças de autores portugueses — ilustrações, cerâmicas, esculturas e até neck dress, isto é, colares feitos com tecidos — e ainda antiguidades oriundas da loja vizinha Manuel Castilho. Os preços praticados variam entre os 5 e cerca de 200 euros, à exceção de uma escultura em pedra de uma deusa indiana do século XII, no valor de 3 mil euros. E porquê o Príncipe Real como morada? “Achamos que é uma zona que, neste momento, está muito viva e queríamos uma loja tradicional, que não fosse destinada às massas e permitisse um tratamento especial do consumidor”, conclui Natacha Tavares Pinto.

New Waste

Um espaço com poucos meses, situado na Baixa Pombalina, onde peças em segunda mão e sobras de coleção ganham nova vida. A loja New Waste (“novo lixo”, em português) leva a sério o conceito de upcylcing, que visa transformar material usado em algo novo sem recorrer a combustíveis fósseis ou processos industrializados. A criatividade está sob o comando de Susana Korn e Carla Belchior, as proprietárias, que garantem fazer de material têxtil usado, e possivelmente fora de moda, peças que correspondem às atuais tendência que saem à rua. A ideia é disponibilizar junto do consumidor peças de roupa únicas, concebidas num atelier próprio, e amigas do ambiente.

Kook Chiado

De Luanda para Lisboa: a marca angolana “Kook” aterrou na capital portuguesa em meados de agosto, mas só agora abre ao público em pleno. Trata-se de um novo espaço gastronómico que junta diferentes tipos de cozinha — do sushi japonês aos sabores portugueses e africanos — trabalhados pelo chef David Costa que conduz ainda uma brigada de cozinheiros, pasteleiros e sushimen. Entre Lisboa e Luanda, onde opera o grupo Kook, estão cerca de 31 pessoas a trabalhar a tempo inteiro, sendo que o investimento total aproxima-se do milhão de euros. Os próximos mercados a serem conquistados terão em comum a língua portuguesa, pelo que São Paulo é o destino mais provável.

Michael Kors 

O nome do designer facilmente nos transporta paras as muitas temporadas do programa televisivo Project Runway, apresentado por Heidi Klum, onde fez as vezes de júri e voraz crítico de moda. Mas são as roupas e os acessórios que servem de motivo para uma visita à Avenida da Liberdade, pelo menos desde o final do ano passado. Ali, nas ruas onde o luxo é rei, a loja do estilista norte-americano com mais de 30 anos de carreira — a marca em nome próprio foi criada em 1981 — assentou arraiais para agrado dos lisboetas (e não só). Entre paredes há produtos para todos os gostos, mas não para todas as carteiras.

Empor  Spirits & Wine

A garrafeira abriu as portas em finais do mês de abril para dar a conhecer ao público alguns produtos mais exclusivos, escrevia à data a Revista de Vinhos. São exemplo o Champagne Ruinart, o Gin Bulldog ou o conhaque Frapin. Há mais de 30 referências de gin, entre licores, vodkas, whiskys e muitos vinhos, tanto nacionais como estrangeiros. A Empor Spirits & Wine realiza ainda workshops e provas de vinho, entre outras atividades.