Já falou com o seu filho hoje? Uma pesquisa refere que a qualidade de comunicação entre pais e filhos é mais importante do que o número de palavras que os mais novos ouvem. O estudo foi apresentado esta semana numa conferência na Casa Branca, avança o New York Times.

As descobertas foram as seguintes: entre crianças de dois anos, vindas de famílias com menos rendimentos, a qualidade das interações com recurso à palavra (isto é, envolvendo símbolos partilhados, rituais e fluência de conversação) era mais provável permitir o desenvolvimento de habilidades linguísticas aos três anos de vida do que qualquer outro fator.

“Não se trata de ‘meter’ palavras. Mas sim ter essas conversas fluidas em torno de rituais partilhados e objetos, como fingir que estão a tomar café juntos ou usar uma banana enquanto telefone. É disso que a linguagem é feita”, disse Kathryn Hirsh-Pasek, docente de psicologia na Temple University e autora principal do estudo, citada pela publicação norte-americana.

Uma pesquisa relacionada é aquela publicada no passado mês de abril, segundo a mesma publicação, em que os investigadores observaram crianças com 11 e 14 meses nas suas casas e descobriram que a prevalência de interações one-on-one e o uso frequente de uma voz lenta e estridente, habitualmente usada para falar com bebés, eram preditores favoráveis de capacidades linguísticas aos dois anos. O número total de palavras não estava relacionado com a habilidade futura.

Esta ideia vem contrariar um estudo de 1995 que explica que, em média, as crianças de famílias abastadas ouvem mais 30 milhões de palavras nos primeiros três a quatro anos de vida, por comparação a crianças provenientes de seios familiares economicamente desfavorecidos. A pesquisa concluiu, então, a existência de um gap (falha, em português) responsável por uma disparidade irreversível e crescente à medida que os sujeitos chegavam à idade adulta — uma desvantagem na educação anterior ao contributo do sistema escolar.

Destaque ainda para uma investigação datada de 2013, que afirma que a falha de vocabulário nas crianças começa mais cedo do que era alegado em 1995, isto é, aos 18 meses. Escreve o site News.Mic que quando uma criança mais pobre começa a escola aos cinco anos, está dois anos atrasada face aos meninos da sua idade mas provenientes de famílias com mais posses.

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