O colecionador de arte congolês Sindika Dokolo reafirmou hoje em Londres a intenção de abrir em Luanda um museu de “celebração da africanidade”, mas disse querer encontrar uma forma original de expor as obras.
“Pessoalmente, penso que os museus atualmente […] a nível global estão desatualizados, um bocado como a Igreja Católica – não está adaptada à forma como o mundo mudou”, afirmou, durante uma palestra na feira de arte 1:54, que encerrou hoje. Dokolo defendeu a necessidade de uma “reflexão séria” sobre o modelo a seguir, acrescentando: “Talvez a solução tenha de vir de nós”.
Em causa, explicou, está a necessidade de encontrar uma forma de expor as obras de arte colocando de lado as noções de tempo, de geografia ou de tipo de arte, como as categorizações de escultura ou pintura. “Precisamos encontrar um fio que seja intelectualmente pertinente para juntar todas as obras com coerência, beleza e força. Gostaria de ter um museu assim, da celebração da africanidade”, defendeu.
Sindika Dokolo é um empresário congolês e colecionador de arte que fundou em 2003 uma fundação com o seu nome e que inclui uma coleção de arte com mais de 5.000 peças de 140 artistas originários de 28 países africanos. A sua fundação esteve na origem da primeira Trienal africana, em 2006, em Luanda – evento que deverá ter a terceira edição em 2015 – e é também o principal patrocinador da 1:54, uma feira de arte dedicada à arte africana contemporânea.
Nesta segunda edição do certame que se realiza em Londres (Inglaterra) participaram 27 galerias, que apresentam obras de mais de uma centena de artistas africanos, incluindo o angolano Edson Chagas e os moçambicanos Gonçalo Mabunda e Mauro Pinto.