Matteo Renzi está “surpreendido que o presidente [da Comissão Europeia] Barroso tenha ficado surpreendido” por ter sido publicada no site do Ministério das Finanças italiano a carta “estritamente confidencial” que Bruxelas enviou a Roma a pedir para que o governo explique como planeia respeitar as regras europeias para o défice. O primeiro-ministro italiano diz que “este é um momento de transparência total“, quem sabe até sobre as despesas “do palácio” onde se realizou a cimeira de segunda-feira. Divulgar esses dados “seria divertido”, diz Matteo Renzi.
Está lançada a controvérsia na cúpula política europeia, depois de o governo italiano ter publicado a carta enviada por Bruxelas a pedir a Roma “mais informações” sobre a proposta de Orçamento para 2015, já que as projeções constantes no documento preveem o não cumprimento das metas de redução do défice. Na noite de quinta-feira, Matteo Renzi disse-se “surpreendido que o presidente [da Comissão Europeia] Barroso tenha ficado surpreendido” com a revelação da carta. E ironiza: “Vamos publicar os dados sobre o que são as despesas deste palácio. Seria bem divertido“, disse Renzi, citado pela Agence France Presse e o site francês do Huffington Post.
Matteo Renzi diz que “os tempos em que havia cartas secretas neste edifício acabaram”.
A declaração do primeiro-ministro italiano surgiu depois de Durão Barroso, o ainda presidente da Comissão Europeia, ter mostrado a sua discordância com a publicação de uma carta que era confidencial. “A comissão não era a favor de tornar a carta pública. Somos a favor de consultas… e queremos prosseguir com estas conversações numa atmosfera de confiança mútua“, afirmou o português, citado pelo Financial Times.
Renzi garante não entender a posição de Barroso. “O conteúdo da carta foi divulgado por um jornal internacional importante, o Financial Times, e depois um jornal italiano importante também teve uma notícia”, assinala o primeiro-ministro italiano. Matteo Renzi diz que “os tempos em que havia cartas secretas neste edifício acabaram” e garante que “com Itália, a abertura dos dados será total. Queremos que tudo seja claro com Bruxelas porque é a única forma de os cidadãos compreenderem”.
O governo francês “não é da opinião de que deva tornar pública uma correspondência privada”.
“Isto é apenas o início”, rematou Renzi, garantindo que “após a próxima semana [já sob a liderança de Jean-Claude Juncker na Comissão] pedimos que qualquer informação sensível que a Comissão envie seja publicada”.
Quem ficou sob pressão neste processo foi François Hollande, o presidente francês, outro dos cinco países que receberam a mesma carta por parte de Bruxelas mas que não a tornou pública. O governo francês “não é da opinião de que deva tornar pública uma correspondência privada“.