Peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertaram para os inconvenientes de proibir a deslocação de pessoas provenientes de países afetados com Ébola. “Uma proibição generalizada provavelmente provocará prejuízos económicos e, consequentemente, o aumento da migração descontrolada de pessoas dos países afetados, aumentando o risco de uma propagação internacional” do vírus, alertou o Comité de Emergência da OMS.

Esta foi a terceira reunião desde o início da crise e realizou-se antes do previsto por causa do aumento de casos de Ébola nos três países mais afetados da África Ocidental (Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria) e dos contágios registados em Espanha e Estados Unidos. Na reunião foi também reafirmado que o Ébola constitui uma “emergência internacional”.

A OMS decretou, no passado dia 8 de agosto, o estado de emergência de saúde pública mundial. Dados divulgados quarta-feira pela OMS referem que cerca de dez mil pessoas estão infetadas com o vírus Ébola, praticamente todas na África Ocidental, e que quase metade delas já morreu.

No comunicado, a organização internacional refere que, até ao passado domingo, 9.936 pessoas foram infetadas com o vírus, 4.877 das quais morreram. Os 9.936 casos — confirmados, prováveis ou suspeitos — foram registados em sete países: Libéria (4.665), Serra Leoa (3.706) e Guiné-Conacri (1.540), os três países mais afetados, Nigéria e Senegal, países previamente afetados mas onde o surto foi entretanto controlado, e Espanha e Estados Unidos, com um e três casos confirmados, respetivamente.

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Assinalando que todos os distritos da Serra Leoa já registam pelo menos um caso de infeção e que na Libéria apenas um distrito escapa à epidemia, a OMS confirma, por outro lado, que Nigéria e Senegal já estão livres do Ébola. Passados 42 dias sobre o último caso detetado (o dobro do tempo máximo de incubação do vírus), o surto foi dado como terminado no Senegal, no dia 17, e na Nigéria, no dia 19.

O Ébola tem fustigado o continente africano regularmente desde 1976, mas o atual surto é o mais extenso e prolongado desde que o vírus foi descoberto. Não há vacina nem cura para o Ébola, que se transmite por contacto direto com sangue, fluidos ou tecidos de pessoas ou animais infetados, provocando febres hemorrágicas que, na maioria dos casos, são fatais. O contacto direto com outras pessoas ou cadáveres infetados tem sido o grande veículo de transmissão do vírus, para o qual não existe tratamento nem vacina. Este cenário faz do Ébola um dos mais mortais e contagiosos vírus para os seres humanos, com uma taxa de mortalidade a rondar os 90 por cento.

O Comité de Emergência volta a reunir-se dentro de três meses, podendo verificar-se uma antecipação caso a situação o exija.