O Facebook é cada vez mais o espelho da vida dos seus utilizadores. Os amigos, os eventos, as partilhas é uma simulação do dia a dia. Mas e quando a vida acaba? O que acontece aos perfis de Facebook? Simon queixou-se ao The Guardian pela falta de resposta que recebe da rede social enquanto procura uma solução para a página da sua mulher que morreu, em abril.

Para resolver problemas deste género deve-se enviar para a rede de Mark Zuckerberg “um link que leve a um obituário ou a outra prova da morte do utilizador”, explica o próprio Facebook, no Centro de Assistência. Sem esta prova, o Facebook não apagará a página.

Se ninguém fizer o pedido, a página continuará ativa podendo tornar-se num depósito de spam ou até ser pirateada. O jornal britânico adianta que lidar com estes pedidos tem sido um problema cada vez maior e com tendência a crescer.

Em vez de pedir ao Facebook que apague a página de um familiar que morreu pode pedir que a transforme num memorial – página de homenagem em que os amigos do perfil podem escrever o que quiserem sem que ninguém possa apagar qualquer comentário.

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Um estudo da seguradora Entrust estima que só este ano morram mais de três milhões de utilizadores da rede social, sendo que atualmente demora seis meses tornar um perfil num memorial.

As hipóteses que o Facebook dá para casos de morte são apenas estas duas: apagar o perfil ou transformá-lo num memorial. Se se optar pela primeira todos os comentários, fotografias e conteúdos serão apagados – a não ser que se peça legalmente para os guardar – para preservar a privacidade do utilizador. No caso de se pedir para o perfil se tornar um moral as alterações já são mais significativas. Nunca mais ninguém poderá fazer o ‘log in’ na página, tudo que a página tiver será mantido (amigos, publicações, informações). Os serviços automáticos acabam e a página vai ser impossível de ser encontrada a não ser pelos amigos que poderão continuar a fazer publicações no mural.

No caso do Simon, a situação torna-se mais complicada. Simon já informou o Facebook que a mulher morreu, mas não obteve resposta, os amigos online continuam a fazer publicações na página dela que ele não quer ver. Mas neste momento não pode apagar nada, será sempre um risco: “É sempre uma violação das nossas políticas entrar na página de outra pessoa”, respondeu fonte do Facebook ao The Guardian.

O jornal inglês acrescenta que um memorial pode ser uma boa solução para quem já tinha pensado em gerir uma página para esse efeito, mas uma espera de seis meses é inadmissível.

O jornalista Jack Schofield deixa um conselho: pedir em testamento o quer que seja feito da vida online e deixar as passwords numa folha – no Reino Unido, tal como em Portugal, os testamentos tornam-se públicos depois de serem executados. Se houver sites que quer manter escondidos da família mesmo depois da morte, há gestores que se podem encarregar de lidar com esse problema como o Legacy.