O secretário-geral do PCP acusou o Governo de se dar “mal com a verdade” e “enganar os portugueses” ao apresentar para 2015 um Orçamento do Estado “preocupado com as famílias”, mas que é de “consolidação do roubo”.

“Assistimos a uma colossal campanha de propaganda do Governo fazendo crer” que o Orçamento do Estado (OE) para 2015, o último do atual Executivo PSD/CDS-PP e para um ano de eleições, “era um orçamento que abria um ‘novo ciclo’, preocupado com as famílias, a justiça social, o crescimento e o relançamento da economia do país”, disse Jerónimo de Sousa, num comício em Beja.

“Diziam que não estavam preocupados com as eleições, mas este Governo e os seus responsáveis dão-se mal com a verdade. Vivem na permanente mistificação e no logro”, acusou.

Segundo o líder do PCP, “foi assim no passado, quando juraram uma coisa e fizeram outra, tem sido assim em toda a sua ação governativa e é agora, que está a chegar ao fim o seu tempo, e temem, com muita razão, as eleições e o veredicto do povo e, por isso, tentam mostrar o que não são e ao que não vêm com a sua proposta” de OE para 2015, “ano de votos”.

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Segundo Jerónimo de Sousa, o Governo considera “que chegou o momento de acenar com a cenoura e esconder o pau e tornar a enganar os portugueses”, disse, referindo que o OE para 2015 “não é o da recuperação dos rendimentos roubados e do poder de compra do povo e da baixa dos impostos, mas o contrário”.

“É um orçamento de consolidação do roubo realizado nestes últimos anos”, tornando este “esbulho definitivo” e ampliando-o “com novas medidas fiscais”, frisou o líder do PCP, num discurso de mais de 30 minutos e centrado em críticas ao OE para 2015.

Segundo Jerónimo de Sousa, o OE para 2015 é “de exploração e empobrecimento” e “não amigo das famílias” e “o último de um Governo que há muito devia ter sido demitido” e “deixa um rasto de destruição e tragédia no país”.

O OE para 2015 “impõe a continuação do congelamento dos salários e de uma significativa parte das reformas”, cortes salariais, novas perdas do poder de compra e “não só mantém uma brutal carga fiscal, particularmente sobre os trabalhadores e os reformados, como a amplia em mais 5,5%”, lamentou.

Contando com o previsto no OE para 2015, “o saque fiscal sobre os rendimentos do trabalho soma, em três anos, mais de 11 milhões de euros”, disse, perguntando: “Se isto não é um saque fiscal sobre o trabalho, então o que será um saque fiscal?”.

“Apresentaram, porque as eleições estão à porta, a mirabolante solução da possibilidade de devolução da sobretaxa de IRS em 2016” se as receitas de IVA e de IRS forem superiores às estimadas, “uma solução que é um embuste e uma mais que certa impossibilidade”, disse.

Para “quem trabalha ou trabalhou fica a promessa, para o dia de São Nunca, da devolução da sobretaxa” e “para o grande capital o cumprimento imediato da baixa dos seus impostos, dando cumprimento à bem antiga máxima da política de direita: Se não queres pagar impostos faz-te rico”, lamentou.

Jerónimo de Sousa alertou para o avançar, “na maior das impunidades”, da “corrupção” e da “grande fraude económica e financeira” em Portugal, patente na “implosão” do Grupo Espírito Santo, em que “mais uma vez os dinheiros públicos são chamados a resolver os buracos das negociatas e das fraudes”, e na entrega da PT “à voragem da especulação”.