“O extremismo, popularizado através do Facebook, do Twitter, de salas de conversação e outras redes sociais, é de tal forma que o ódio religioso pregado num país distante rapidamente se transforma numa preocupação local”, assinala o relatório, que analisou o estado da liberdade religiosa em 196 países.

Realizado pela organização católica Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), a versão portuguesa do relatório será apresentado hoje na Assembleia da República, no âmbito da visita a Portugal do patriarca da Síria, Gregorios III Laham.

“A comunicação social ocidental destaca cada vez mais as preocupações com a crescente ameaça para o ocidente da atuação da ‘geração jihad’ em solo nacional. Ataques esporádicos de indivíduos radicalizados contra comunidades religiosas específicas no Ocidente[…] confirmam que esta ameaça de facto já existe”, assinala o estudo.

“A manifestação mais óbvia disto é o recrutamento de pessoas do ocidente para se envolverem em conflitos no médio oriente”, acrescenta o texto.

Nos países ocidentais “está a ganhar terreno”, segundo o relatório, a perspetiva de que a religião gera os piores aspetos da humanidade, enquanto no Médio e Extremo Oriente emergem os estados de confissão religiosa única.

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“O surgimento do Estado Islâmico é o exemplo mais óbvio desta situação”, adianta o relatório, apontando o exemplo da cidade iraquiana de Mossul, onde viviam 30 mil cristãos, e onde atualmente não vive um único.

Os cristãos na Síria diminuíram de 1,75 milhões no início de 2011 para pouco mais de 1,2 milhões no verão de 2014, uma quebra de mais de 30 por cento em três anos, refere o documento.

O relatório assinala, no entanto, que o grau de opressão religiosa nas democracias ocidentais se mantém baixo, apesar de existirem “tendências genuinamente preocupantes”.

“Sobretudo em relação a assuntos como escolas religiosas, casamento homossexual e eutanásia, há um conflito crescente entre perspetivas religiosas tradicionais e o consenso liberal ‘progressista'”, diz o estudo.

“Enquanto a opinião dominante admite que os crentes devem, no mínimo, ser livres de praticar a sua fé em privado, há cada vez menos concordância sobre o quanto essa fé deve ser autorizada a manifestar-se na sociedade em geral”, acrescenta o relatório.

O estudo destaca ainda a necessidade de “um entendimento mais completo e sofisticado das motivações religiosas” no Ocidente, adiantando que “a iliteracia religiosa dos decisores políticos ocidentais está a criar uma enorme barreira de entendimento entre o ocidente e outras partes do mundo”.