Chama-se Ecorkhotel, abriu ao público há pouco mais de um ano e fica localizado a poucos quilómetros de Évora, em pleno Alto Alentejo. Trata-se de uma unidade hoteleira com classificação 4 estrelas superior, integrada na paisagem e construída com uma forte preocupação ambiental. Tem na sustentabilidade e na eficiência energética as maiores apostas.

Arquitetonicamente requintado, tem 56 suítes individuais dispostas em “vilas”, todas em piso térreo, cada uma com 70 metros quadrados. À entrada do hotel localiza-se a área comum — receção, pátio, salas de conferência, restaurante, piscina exterior e interior, SPA e ginásio. A nave central do edifício tem a particularidade de ser revestida a cortiça. Esta característica permite um isolamento térmico naturalmente eficiente, numa zona do país onde se verificam grandes amplitudes térmicas.

Ecorkhotel - edificio principal

A presença abundante da cortiça no edifício contribuiu para a certificação eco-hotel, mas não só. Metade da energia elétrica é produzida por painéis fotovoltaicos, a água utilizada no Ecorkhotel é captada por dois furos de grande profundidade e aquecida com painéis solares. As águas de despejo são tratadas por processos mecânicos e biológicos e depois reutilizadas para os sistemas de rega. A água da chuva também é aproveitada.

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O Ecorkhotel tem na sustentabilidade um dos seus alicerces fundamentais, e isso encontra-se exposto não só na atividade diária do empreendimento mas também no modo como foi construído. O hotel, desenhado pelo arquiteto José Carlos Cruz, utiliza materiais da região, tais como os milhares de blocos de barro cozido à mão que preenchem o chão dos 18 mil metros quadrados da área habitável, ou as peças presentes nos quartos, feitas por artesãos locais; os painéis de revestimento em cortiça foram desenvolvidos pela corticeira Amorim e pela universidade de Évora; até os empregados do hotel, 25 no total, apenas um não é da região. Ali, o Alentejo está por todo o lado. As refeições, como não podia deixar de ser, baseiam-se na gastronomia alentejana — o restaurante Cardo tem uma oferta distinta e está aberto ao público em geral.

9 - Restaurante Cardo (2)

O Ecorkhotel está certificado como ECO-Hotel, possuí também a Certificação Ambiental, norma ISO 14001 e a 9001 para a Certificação da Qualidade. “O investimento gera retorno”, afirma António Silva, da empresa de certificação Tüv Rheinland, a única que atribui o selo eco-hotel em Portugal. O gestor explica que o objetivo não é apenas reduzir custos,”trata-se de um conceito ambiental e é isso que este hotel vende ao público.”

Manuel Policarpo, o diretor do Ecorkhotel, faz notar que o mercado português só agora começa a estar preparado para este tipo de conceito de hotelaria. “Ainda há pessoas que se queixam quando encontram uma aranha ou uma mosca no quarto, mas estamos no campo, e assumimos isso.” Por isso disse-nos que, embora a maioria dos clientes atuais sejam portugueses, a aposta no mercado do norte da Europa é o próximo passo.

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O hotel tem vindo a expandir os serviços para as famílias. Além de uma horta biológica, de onde são colhidos os ingredientes para os workshops regulares de culinária, o Ecorkhotel planeia adquirir animais (galinhas, ovelhas). Entretanto, o primeiro novo residente já chegou: um burro, espécie autóctone em vias de extinção.

Os princípios ecológicos e de sustentabilidade estão presentes no Ecorkhotel desde o desenho do complexo. “Quase não foi preciso abater árvores”, contou-nos o diretor, que entretanto plantou outras 250, entre oliveiras, sobreiros e azinheiras. A política “Reduzir, Reutilizar e Reciclar” é uma característica fundamental deste hotel. A ela junta-se uma arquitetura sóbria e elegante, e ao branco das habitações, o silêncio. O Alentejo também é feito disso.

 

O Observador visitou o Ecorkhotel a convite da Tüv Rheinland.