Várias empresas de origem portuguesa participam esta semana, em Luanda, naquele que será o maior encontro de construção metálica em África, tentando fomentar o interesse angolano para uma alternativa à construção em betão ou madeira.
O III Congresso Luso-Africano de Construção Metálica Sustentável decorre entre 21 e 22 de novembro e segundo a organização, da associação Construção Metálica em África (CMA), visa demonstrar a potencialidade deste tipo de construção, em aço, pré-fabricado, para implementar pontes, viadutos, edifícios em altura, habitações ou unidades industriais.
A CMA junta empresas de Portugal, Angola e Moçambique, num setor que tem crescido (no mercado português) a um ritmo anual de 30%, impulsionado pelos tempos de implementação mais curtos, custos mais reduzidos ou pela sustentabilidade da construção, com a reciclagem virtualmente infinita do aço.
Em entrevista à Lusa, em Luanda, o presidente de Associação Portuguesa de Construção Metálica e Mista (CMM), Filipe Santos, garantiu que várias empresas nacionais já se estabeleceram com sucesso em Angola, colocando em definitivo o aço como alternativa ao betão.
“O problema em Angola é que não há cimento, não há inertes. O que há é extremamente caro, o custo de um metro cúbico de betão pode chegar a quatro vezes o custo na Europa”, explica, assumindo a importância desta alternativa para os países africanos em rápido crescimento. Ou seja, aponta, mais rápido, mais barato e com maior incorporação de profissionais locais, como pintores, soldadores ou montadores. “Só no custo de estaleiro as poupanças podem chegar a 50%, face ao betão, tendo em conta que é pré-fabricado e montado no local”, explica Filipe Santos, que é também presidente da portuguesa Vesam.
Esta empresa, através da unidade instalada em Angola, já conta com mais de 70 pontes projetadas e executadas no país, nos últimos cinco anos. Martifer ou Metaloviana, são outras das várias empresas portuguesas presentes neste congresso de Luanda.
“Começa a haver capacidade para construir [os pré-fabricados] cá, em Angola. É uma solução para a qual já se olha”, assume, referindo-se ao modelo de construção metálica proposto pelas empresas portuguesas para o mercado africano, desde a projeção à implementação. De acordo com dados da CMM, só em Portugal estas empresas garantem mais de 16 mil postos de trabalho e um volume de negócios de 1.500 milhões de euros.
No congresso de Luanda, que se segue à edição anterior em Maputo, participam 200 técnicos e 30 empresas, sobretudo de origem portuguesa mas a laborar em Angola. O objetivo principal é “evidenciar” aos donos de obra, do setor público ou privado, as “grandes mais-valias” deste tipo de construção, “assente numa base técnica”, bem como as mais recentes inovações do setor. “E demonstrando que existem empresas em Angolas capazes de o fazer”, sublinha.
Neste encontro participa igualmente o ministério da Construção angolano, através do ministro Waldemar Pires Alexandre, contando a organização com o apoio do Instituto de Estradas de Angola (INEA) e da Ordem dos Engenheiro de Angola, além das Universidade Metodista, de Luanda, e da Universidade de Coimbra. Só da primeira edição deste congresso, que se realizou em Luanda, em 2012, resultaram 20 milhões de dólares (16 milhões de euros) em contratos feitos durante o evento, recorda Filipe Santos. “Estamos a falar de um nicho de negócio enorme, cujo desenvolvimento em África é já maior do que na Europa”, enfatiza.