As compras de petróleo dos Estados Unidos aos países da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) atingiram em agosto o nível mais baixo em quase 30 anos, noticia o Financial Times, sublinhando o efeito do petróleo de xisto.
“A menor dependência das importações deste cartel, que bomba um terço do petróleo mundial, surge no contexto dos avanços na perfuração hidráulica que impulsionou a produção doméstica nos Estados Unidos para cerca de 9 milhões de barris por dia, o nível mais alto desde meados da década de 80”, escreve o Financial Times na sua edição eletrónica.
Em agosto, acrescenta, a percentagem da OPEP nas importações de petróleo pelos EUA caiu para 40%, representando 2,9 milhões de barris por dia, o nível mais baixo desde maio de 1985, segundo as estatísticas do Departamento de Energia, citadas pelo jornal britânico, que lembra que em 1976, no pico da OPEP, este valor estava nos 88%.
O declínio no ‘apetite’ norte-americano por petróleo importado, a que se junta o aumento da procura no Oriente, significa que os produtores do Médio Oriente, África Ocidental e América Latina “viraram-se para a Ásia”, escreve o FT, notando ainda que o impacto foi variado, mas afetou principalmente os produtores africanos, como a Argélia e a Líbia.
No princípio deste mês, a Lusa já tinha noticiado que as vendas de petróleo de Angola aos EUA, em agosto, cifraram-se nos 129 mil barris por dia, mostrando uma quebra de 10 mil barris por dia face a julho.
Estes números confirmam a tendência do primeiro semestre, quando Angola exportou diariamente, em termos médios, 131,1 mil barris de petróleo, tornando-se no maior fornecedor norte-americano de produtos petrolíferos na África subsaariana, destronando então a Nigéria.
Em 2014, as entregas diárias de petróleo de Angola aos Estados Unidos variaram entre mínimos de 94 mil barris, em janeiro, e máximos de 178 mil barris, em maio.
Já a Nigéria, que está à frente de Angola na produção petrolífera global na África subsaariana, vendou ao mercado norte-americano, em média, 113,3 mil barris de petróleo por dia no primeiro semestre do ano, segundo os dados da EIA.