A autora britânica PD James, que o Guardian descreve como a rainha da literatura policial, morreu esta quinta-feira de manhã aos 94 anos. Foi a editora Faber and Faber que confirmou a notícia, ao dar conta que a escritora faleceu “pacificamente” e na sua casa em Oxford, Inglaterra.
Apesar da uma carreira pautada por sucessos literários dentro do respetivo género, foi apenas aos 42 anos que PD James publicou o primeiro livro, Cover Her Face (O enigma de Sally Jupp, Publicações Europa-América, 1962), o qual despoletou um sucesso que foi partilhado pela personagem Adam Dalgliesh, o famoso inspetor da Scotland Yard. O Guardian escreve mesmo que, à medida que Dalgliesh recebia promoções fictícias — chegando ao cargo de comandante –, também James acumulava prémios, incluindo o Diamond Dagger, da associação inglesa de escritores policiais.
A obra literária, composta por duas dezenas de romances, chegou, em vários casos, ao pequeno e grande ecrã, com o ator Roy Marsden a interpretar o inspetor em diversas ocasiões. O livro Os Filhos do Homem, que fugiu ao habitual enredo criminal, foi adaptado ao cinema em 2006, com Clive Owen e Julianne Moore nos papéis principais.
Entre outros trabalhos contam-se ainda os títulos O Cadáver sem Mãos, Uma Estranha Profissão para uma Mulher e Intrigas e Desejos. A obra Morte em Pemberley, publicada no ano passado em Portugal pela Porto Editora, é a última de PD James, a qual combina a literatura policial com o enredo da também escritora britânica Jane Austen.
Phyllis Dorothy James nasceu em 1920. Deixou a escola aos 16 anos e com 21 casou-se com Ernest White e mudou-se para Londres, cidade onde deu à luz as duas filhas. Seguiram-se os bombardeamentos alemães que marcaram a história do Reino Unido (e do mundo) e o regresso de um marido agora com problemas mentais devidos aos confrontos — PD James viu-se obrigada a sustentar sozinha a família e era à noite, nas horas vagas, que se dedicava à escrita. Segundo a brasileira Exame, James trabalhou durante três décadas, com passagem pelo departamento de polícia do Ministério do Interior.
O jornal birtânico Guardian diz que sempre foi intenção de PD James ser escritora — dedicou as primeiras palavras escritas ao respetivo detetive na esperança que tal lhe desse bagagem para fazer uma transição para os romances ditos “sérios”, como explicou em 1994 à publicação Paris Review. Mas a identidade literária haveria de assentar, até porque James via nos romances policiais uma ordem de ideias que apreciava: “Eu gosto de ficção estruturada, com um princípio, meio e fim”.