António Costa vai dar espaço (e tempo) a figuras não militantes do Partido Socialista (embora próximos do PS) no congresso que decorre entre este sábado e domingo. E tempo já era coisa que faltava, tendo em conta que a reunião magna do partido costuma realizar-se durante três dias e este ano o calendário foi encolhido para apenas dois. O ex-reitor da Universidade de Lisboa Sampaio da Nóvoa, e o constitucionalista Jorge Reis Novais fazem parte da lista. Outra novidade é o facto de o partido Livre já ter confirmado presença na sessão de encerramento: é primeira vez que o PS convida para o congresso uma delegação de um partido sem assento parlamentar – retribuindo a presença de Costa na convenção do partido.

O grupo de não militantes que vai discursar no sábado no pavilhão da FIL, em Lisboa, é constituído, segundo o Diário de Notícias, por Jorge Reis Novais, constitucionalista e ex-assessor de Jorge Sampaio na presidência, Sampaio da Nóvoa, professor catedrático e ex-reitor da Universidade de Lisboa, assim como a ex-presidente do Porto de Sines, Lídia Sequeira, próxima de António José Seguro. Vão ainda marcar presença no palco do congresso outras três mulheres: a empresária Mariana Duarte Silva, Raquel Serouca (geneticista molecular no Porto que já participou noutras reuniões socialistas) e Maria Manuel Leitão Marques, que já que foi secretária de Estado de Costa, no primeiro Governo de José Sócrates, responsável pelo programa Simplex, e foi também a coordenadora da moção de orientação estratégica e da “Agenda para a Década” de António Costa.

Segundo a Antena 1, o objetivo de Costa de dar voz a não militantes durante a reunião máxima do partido, que o vai consagrar como líder socialista, é capitalizar a onda de simpatizantes que participou nas eleições primárias de setembro. Ou seja, não se limitar a ouvir os militantes, mas também dar voz a quem não é socialista pelo menos de papel passado.

Para além disto, e como retribuição pelo convite feito por Rui Tavares para António Costa discursar no congresso do Livre, uma delegação deste partido vai também estar presente na sessão de encerramento, no domingo. É conhecido o discurso de aproximação do Livre ao PS, como tentativa de constituir um governo virado à esquerda, mas será a primeira vez que um partido que não tem assento parlamentar se fará representar na reunião máxima do PS.

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Os delegados só vão subir ao palco no sábado à tarde/noite, durante o período destinado à discussão da moção política de orientação estratégica apresentada por António Costa – a única apresentada ao congresso, sem projetos concorrentes. O discurso de Costa está previsto para o fim da manhã de domingo, último dia de trabalhos.

O ex-Presidente da República Mário Soares, que na quarta-feira fez declarações polémicas sobre José Sócrates quando o foi visitar à prisão, já confirmou a sua presença no conclave. Mas não irá discursar. Jorge Sampaio, por outro lado, não estará presente porque “não pode”. Na quinta-feira à noite, ainda assim, disse à agência Lusa, durante a apresentação do novo livro de Soares, que estava “muito apreensivo com o que se passa em Portugal”, referindo-se provavelmente à detenção e posterior prisão preventiva do ex-primeiro-ministro, mas não deixou de desejar “felicidades” a António Costa e ao PS, no geral.