A sucursal do Banco Espírito Santo que operava na Líbia terá ajudado a movimentar dinheiro para dentro e fora do país a partir do início de 2011, quando foi desencadeada a rebelião que acabou com o regime liderado por Muammar al-Kadafi, o ditador que controlou o poder em Tripoli desde 1969 e que foi morto em outubro daquele ano. A revolta e a guerra civil que se seguiu provocaram, na época, graves dificuldades no sistema financeiro líbio, em grande parte controlado pelo Estado, e o Aman Bank, detido em 40% pelo Grupo Espírito Santo (GES), tornou-se num dos poucos veículos em condições de movimentar recursos financeiros.

A instituição, de acordo com uma investigação do Wall Street Journal (WSJ), chegou a ser encarregue de proceder a pagamentos aos funcionários da embaixada dos Estados Unidos no país e, de acordo com fontes contactadas pela publicação norte-americana, também financiou outras organizações internacionais, não apenas dos Estados Unidos. Um antigo colaborador do GES revelou que muito do dinheiro que o Aman Bank movimentou para fora da Líbia, proveniente de clientes do banco e de outras instituições financeiras que atuavam no país, foi encaminhado para mercados como o Dubai e a Suíça.

O WSJ cita um antigo elemento dos serviços secretos norte-americanos que ajudou o Governo líbio a tentar seguir o rasto dos ativos que foram retirados do país por pessoas próximas do ditador. Haig Melkessetian afirma que antigos quadros do Aman lhe garantiram que o banco deu a mão a membros da família de Kadafi para conseguirem transferir recursos da Líbia e que estas operações foram realizadas com o conhecimento dos altos executivos do GES em Lisboa, embora tenha admitido não possuir provas das transações que terão sido concretizadas.

Também a sucursal do Banco Espírito Santo (BES) em Miami continua sob escrutínio das autoridades norte-americanas. Em causa estão suspeitas que recaem sobre as relações entre a instituição e um empresário venezuelano que terá ajudado a proceder ao branqueamento de capitais de uma empresa do país sul-americano que também está a ser alvo de investigação por atos de corrupção. O cliente em causa era um dos maiores do BES da cidade localizada no estado da Florida e as suspeitas começaram a tomar forma quando começaram a afluir a contas de que era titular fundos provenientes de uma agência governamental da Venezuela que, posteriormente, eram transferidos para as Ilhas Caimão e a Suíça.

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